Projeto Hortas Urbanas avança em Pelotas com foco em sustentabilidade

Meio ambiente

Projeto Hortas Urbanas avança em Pelotas com foco em sustentabilidade

Grupo de voluntários cria hortas orgânicas pela cidade e inaugurou na Casa do Caminho, da Irmã Assunta, mais uma plantação

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Projeto Hortas Urbanas avança em Pelotas com foco em sustentabilidade
Hortas na zona urbana são voltadas a levar qualidade alimentar para populações. (Foto: João Pedro Goulart)

Uma nova hortinha acaba de florescer na ONG Casa do Caminho, da Irmã Assunta Tacca. É o resultado da visita do projeto Hortas Urbanas, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ao centro de terapias integrativas, realizada na quinta-feira (24). A ação utiliza a mão de obra voluntária de estudantes e membros da comunidade universitária na elaboração de hortas orgânicas em pontos variados da cidade. O objetivo é desenvolver uma Pelotas socialmente justa e ambientalmente sustentável.

Desta vez, a pessoa agraciada pela iniciativa já tem uma vasta experiência com espaços de cultivo. Aos 101 anos, a Irmã Assunta é conhecida pelo trabalho social que desenvolve na ONG com as inúmeras plantas medicinais disponíveis em seu quintal. Há décadas, a religiosa oferece à comunidade serviços de fitoterapia e homeopatia, massoterapia, reiki e técnicas orientais de equilíbrio energético. Agora, a nova horta fortalece a autossuficiência da Casa do Caminho, contribuindo com alimentação, saúde e acolhimento social.

“É algo maravilhoso, essa ajuda da universidade está sendo enorme”, define a coordenadora da casa de acolhimento, Rovani Scheller. Ela explica que a ação revigora uma parte aberta do espaço que estava parada, por falta de mão de obra e recursos financeiros. Por ser uma ONG, a Casa do Caminho depende diretamente de doações da comunidade. Com isso, o cultivo interno de hortaliças contribui para a doação de alimentos, reforça os cuidados terapêuticos oferecidos pela casa e ainda pode gerar renda.

Percepção do local

Segundo a coordenadora do projeto e professora de geografia, Giovana de Oliveira, cada horta organizada é única, pois reflete os desejos e necessidade da comunidade onde está inserida. Na Casa do Caminho, o ato atende a um pedido feito anteriormente pela irmã, que relatou a demanda por alimentos que durassem mais tempo. Nesse momento, por conta da sazonalidade, o grupo optou por plantar hortaliças folhosas. “O projeto se adapta a cada realidade. Aqui o objetivo da horta é voltado para a caridade”, explica a professora.

Atualmente, a Irmã Assunta mora em uma casa de repouso de uma congregação de freiras, em outra cidade. Ela retorna a Pelotas nos primeiros dias de maio, quando finalmente vai poder ver como ficou a área revitalizada. “Mesmo não estando mais presente aqui diariamente, ela ficou muito feliz com essa iniciativa. Sempre se preocupou com o espaço, e agora vai poder ver uma horta no lugar. Para ela, isso é um presente”, diz Rovani.

Outros benefícios

Conforme a professora Giovana salienta, a iniciativa também traz benefícios ambientais concretos, como a redução da impermeabilização do solo, a melhoria do microclima, a prevenção de deslizamentos e a transformação de áreas abandonadas em espaços produtivos. Ao reaproveitar resíduos orgânicos que iriam para o aterro, as hortas ainda geram economia para o município, reforçando sua importância tanto para a saúde das pessoas quanto para a saúde do planeta.

Além disso, em muitos casos, as hortas representam a comida na mesa de famílias em situação de vulnerabilidade. Mais do que isso, são alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, cultivados pelas próprias comunidades. Dentro do projeto, muitos participantes relatam melhorias significativas na saúde mental, principalmente nas hortas de UBSs, onde antes procuravam apenas medicação e hoje encontram na horta uma forma de bem-estar e alívio do estresse.

Saiba mais

O projeto Hortas Urbanas, em atividade desde 2017 em Pelotas, promove a criação de hortas orgânicas comunitárias utilizando tecnologias sociais de baixo custo, como compostagem, reutilização de garrafas pet e captação de água da chuva. Com foco na sustentabilidade e na segurança alimentar, envolve a comunidade em todas as etapas — do planejamento à colheita — por meio de oficinas, cine-debates e ações educativas. Atualmente, oito hortas desenvolvidas pelo trabalho estão em pleno funcionamento.

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