A crise na saúde da Zona Sul do Estado é um tema diário nas páginas do Jornal e sofrido na pele de quem depende do sistema público para consultas e tratamentos. São mais de 70 mil pessoas na fila por atendimentos médicos e três hospitais com dificuldades de oferecer serviços: dois por questões financeiras, as Santas Casas de Rio Grande e São Lourenço do Sul, além do Hospital Universitário da Furg em Rio Grande, sobrecarregado pelas demandas.
Em paralelo a isso, falamos constantemente do potencial de tornar a região um polo de saúde que atraia empresas e investimentos para cá. Afinal, temos universidades que formam profissionais de excelência, empresas que produzem produtos de ponta e estamos em via de ter dois novos hospitais de altíssimo nível em Pelotas. São duas coisas do mesmo setor, mas em cenários distintos
A crise nos hospitais passa por gestão e finanças. Muito impulsionado por uma tabela SUS injusta, desatualizada e que suga as instituições. Os governos vêm e vão e varrem sua atualização para baixo do tapete. Enquanto isso, a corda estoura no elo mais fraco, nas cidades, nos hospitais e nas pessoas. Enquanto isso, é urgente atualizar modelos de gestão para que haja melhor uso dos escassos recursos. Por isso a auditoria em São Lourenço do Sul é importante, para trazer respostas de onde houve erros e como não repeti-los.
A potencialidade da Zona Sul é inegável pelos fatores citados acima, mas é difícil convencer até nós mesmos dessa possibilidade quando vemos no dia a dia a saúde estar à beira da UTI em quase todos os municípios da região. Entre o que somos e o que podemos ser há milhas a serem percorridas. É preciso organização – e cabe um elogio aos prefeitos que debatem o tema à exaustão – e foco.
Antes de sermos tudo isso, precisamos cuidar dos nossos e termos a organização necessária para sermos de fato bons no atendimento. Construir o hospital é a parte mais fácil do processo, os desafios vêm depois, na gestão, equipamentos e pessoal. Por isso é importante manter esse foco no processo de desenvolvimento na saúde que a região passa.