A era do populismo digital

Editorial

A era do populismo digital

A era do populismo digital
(Foto: Agência Brasil)

Donald Trump voltou ao governo e segue a fazer gestão pelas redes sociais. Não surpreende ninguém. O presidente americano mantém o modelo que o levou à cadeira política mais importante do mundo. Talvez ele não seja diretamente o pai do modelo, mas é inegável que se tornou um mestre do populismo digital, tão replicado por aqui. Se o americano faz mercados mundo afora arrancarem os cabelos a cada postagem e tenta impor seu ritmo e ideologia pelas teclas, por aqui alguns tentam replicar, mas com uma pegada nossa.

A notícia “prefeito tiktoker é alvo de operação da PF”, repercutida em mídias nacionais ontem, é um dos sintomas do que estamos vendo por tudo. Assessorias de comunicação de políticos hoje parecem mais interessadas em moldar a imagem de seus chefes através de trends do que usar a máquina estatal para comunicar ao povo sobre os movimentos de governos. Vemos inclusive no nível micro da política, com vereadores subindo na tribuna com falas decoradas para render cortes já combinados com seus auxiliares para engajar bem com sua base nas redes.

Em meio a isso, a imprensa mantém sua luta secular de informar de maneira responsável. Óbvio, acaba respingando nos veículos toda essa lacração digital. Não deve existir um político que não tenha ido às redes reclamar de uma matéria ou opinião que não gostou, é assim mesmo. Mas o fato é que mesmo com seu populismo digital, eles sabem, no fundo de suas consciências, que a verdade prevalece e machuca quem tenta moldá-la. Também por isso a própria comunidade tem se voltado mais às mídias tradicionais, no melhor momento para o setor em mais de uma década.

O importante disso tudo é que há cada vez mais a percepção de que na indústria do corte político para sua rede social, as próprias bases estão notando a artificialidade do sofrimento, choro e indignação. Muitos, mais preparados para a atuação do que para a política, vão precisar ali na frente repensar suas posturas. A evolução da nossa comunidade passa diretamente por essa percepção dos leitores que, no seu ritmo, está vindo.

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