Selecionada para o programa SheLeads by Lojas Renner S.A., Nanda Fersula, sócia da startup Agrobrand, deixou a segurança do serviço público para empreender. Antes de 2021, quando foi indicada para ocupar uma vaga afirmativa no Studio Sigales, Nanda nunca havia pensado em atuar em uma startup, mesmo já trabalhando com inovação. Agora, à frente da Agrobrand, ela busca desenvolver soluções voltadas ao setor de agroalimentos.
Como nasce a tua história com o empreendedorismo?
Quando saí da CGTEE, em 2019, decidi investir parte da minha rescisão em fibras para cabelos afros — laces, fibras para entrelace, dreads, tranças. Eu consumia esses produtos e, na época, havia pouca oferta em Pelotas e região. Acreditei que, com graduação e especialização, eu estava pronta para empreender — e isso foi um tremendo engano.Percebi que não sabia vender e que ser consumidora não me tornava uma especialista naquele mercado. Só entendi isso quando comecei a atuar no Instituto, e daí surgiu uma nova possibilidade de empreender, dessa vez de forma mais estruturada e com o apoio de pessoas mais experientes. Hoje, na Agrobrand, sinto que posso aprender enquanto empreendo.
Como é ser uma mulher negra nesse meio tecnológico?
Ainda é um pouco solitário. Claro que há outras mulheres negras atuando nesse universo, mas a presença ainda é muito reduzida. Na maioria das vezes, sou a única pessoa negra nos eventos, nas rodas de discussão e nos ecossistemas.
Minha atuação tem o objetivo intencional de lutar por mais diversidade nesses ambientes e fazer com que a inovação também seja pensada por nós. Vejo a inclusão como uma força de transformação social — e é por isso que precisamos ocupar cada vez mais espaços.
A Agrobrand foi uma das startups selecionadas para o SheLeads by Lojas Renner S.A. Podes me explicar o que é?
O SheLeads é um programa incrível de aceleração, voltado exclusivamente para negócios liderados por mulheres. Ser selecionada significa ter acesso a mentorias, capacitações e conexões estratégicas que podem impulsionar nosso crescimento.
Para a Agrobrand, é uma oportunidade de ganhar visibilidade, fortalecer nosso modelo de negócios e nos conectar com um ecossistema que valoriza diversidade, inovação e impacto positivo.
Como te sentes por ter sido selecionada entre tantas empresas e empreendedoras?
Fiquei muito emocionada quando soube. Estava no supermercado, e a minha vontade era gritar para todo mundo ouvir. É uma mistura de emoções: responsabilidade, alegria e muita gratidão. Ser escolhida entre tantas iniciativas é um reconhecimento importante. Mostra que mulheres negras, empreendedoras e inovadoras podem — e devem — estar à frente de soluções relevantes para o mercado. Estou animada com tudo o que esse encontro pode trazer, tanto para a Agrobrand quanto para mim, pessoal e profissionalmente.