A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Dona Maria Joaquina recebeu um prêmio do Governo do Estado no início desta semana pelo alto desempenho na alfabetização dos alunos. Localizada no Cerrito Alegre, 3º distrito, a Emef foi a única instituição pública de Pelotas a ser reconhecida. Porém, a qualidade da educação da escola pode ser prejudicada, pois devido à falta de merendeiras e de monitores, desde o início do ano o ensino integral foi suspenso na instituição.
A Emef Dona Maria Joaquina foi o primeiro educandário municipal de iniciação agrícola em turno integral no município. Na quarta-feira, a escola alcançou outro feito inédito, uma das melhores pontuações na avaliação de alfabetização de alunos do ensino público do Estado. O programa Alfabetiza Tchê premia as instituições em destaque com valores entre R$ 40 e R$ 80 mil, recurso que deve ser empregado em melhorias de infraestrutura.
Para alcançar a proficiência adequada de leitura e escrita dos alunos até o 2º ano do Ensino Fundamental, a direção da escola apostou em duas estratégias. A primeira é a continuidade do trabalho do professor, ou seja, o profissional que leciona no 1º ano segue com a mesma turma até o final do 2º ano. Com o conhecimento prévio das dificuldades de cada aluno, o professor pode desenvolver melhor o ensino, sem a necessidade de um período de adaptação entre o educador e a turma.
Outro fator determinante foi a diversificação das metodologias de ensino com a integração de métodos lúdicos, interdisciplinaridade e tecnologia. “Investimos bastante em jogos pedagógicos, tabuleiros com alfabetos, fomos melhorando o material pedagógico, tudo que é mais prático ajuda”, diz a diretora Sônia Beatriz Campos. Professora de uma turma de 1º ano, Fernanda Seus complementa que o uso das hortas da escola também é uma ferramenta para o engajamento dos alunos. “A gente sempre faz uma relação com eles para o conhecimento das letras e dos sons com as placas e os alimentos”. Além disso, os alunos contam com reforço do ensino no turno inverso.
Suspensão do turno integral
Em uma área de 1 hectare, a escola dispõe de pomares repleto com mais de 20 cultivos de frutas e uma horta com hortaliças e alimentos variados. Tudo isso é utilizado na integração do ensino agrícola ao currículo dos alunos e na alimentação oferecida na escola. Ao todo seriam ofertadas cinco refeições diárias aos 189 estudantes.
No entanto, a escola está com o ensino integral suspenso desde o início do ano letivo devido à falta de merendeiras e de monitores. Sem os profissionais, a equipe diretiva foi obrigada a restringir as aulas de todas as turmas a somente o período da manhã. Conforme a diretora, é difícil encontrar funcionários dispostos a trabalhar na escola em razão da distância da área urbana e da falta de incentivos financeiros. Diferente dos professores, que recebem adicional de difícil acesso. “Eles não querem vir, por causa do salário, porque é longe e depende muitas vezes de dois ônibus”, diz.
Segundo Sônia, os pais têm cobrado frequentemente da direção o retorno do ensino integral da escola. Tanto pela qualidade do ensino quanto pelo acesso dos alunos em vulnerabilidade social a garantia de refeições variadas diariamente.
A reportagem solicitou à Prefeitura de Pelotas informações sobre a previsão de reposição dos profissionais na escola, porém não obteve retorno.