“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, teria dito Albert Einstein, a mais brilhante mente do século passado. Diante do cenário dos últimos dias no Estado inteiro, é de certa forma o tipo de sentimento que se tem quando pensamos na questão climática. Afinal, há 11 meses vivíamos a maior agonia da história gaúcha. E o que mudou, de fato? O que melhoramos na prática? Quais ações realmente efetivas foram tomadas, no âmbito geral, para evitar que maio se repita? Se vier chuva naquele volume, algo vai ser diferente?
São questões que ecoam na cabeça de todo gaúcho após ter visto Porto Alegre novamente sofrendo com fortes chuvas – nem perto do que foi no ano passado, é claro, mas ainda assim, um cenário caótico. É o sentimento de ter lido, no A Hora do Sul, que Pelotas está com o sistema esgotado desde as cheias e que, por isso, alaga quando chove. Há promessa de microdrenagem ampla, mas é algo que já deveria ter sido feito. Afinal, já está chovendo e todo mundo sabe como o clima da cidade se comporta no período de abril a setembro.
O sentimento é de impotência. Se maio se repetir, ele se repetirá. Com o perdão da redundância. Mas não parece que, até o momento, tenhamos criado, como Estado ou como município, medidas realmente efetivas, que nos tragam segurança. Até o momento, foram boas respostas para a reconstrução, a nível exemplar. Mas não para prevenção. Pelotas, por exemplo, ainda espera o novo dique do Laranjal, mas ninguém sabe quando, ou se, vai vir. São recursos caros, mas necessários, com a garantia de salvar vidas, empregos e comunidades inteiras se bem aplicados.
As previsões climáticas não indicam nenhum cenário tão catastrófico para esse ano, dado o comportamento geral das métricas até agora. O que significa que ainda temos tempo. Mas também corremos contra o relógio do aquecimento global, das mudanças climáticas e do caos. Há que se calcular bem e agir o quanto antes. Vidas estão em jogo.