Duas companhias, uma de teatro e outra de circo, representam Pelotas na programação especial que celebra o início das atividades do Teatro Simões Lopes Neto, instalado no Multipalco Eva Sopher, em Porto Alegre. As apresentações do Grupo Entremez de Teatro ocorrerão dias 16 e 17 deste mês, as do Tholl estão agendadas para 9 e 10 de maio. Os ingressos para os espetáculos estão à venda no site do Theatro São Pedro.
O espetáculo A viúva Pitorra foi o texto escolhido para a montagem do grupo Entremez, com direção, música original e cenografia de Valter Sobreiro Jr. A obra é uma comédia dramática, de 1896, assinada por Serafim Bemol, um dos pseudônimos do escritor, jornalista e dramaturgo João Simões Lopes Neto, quando se celebra os 160 anos do pelotense.
A Viúva Pitorra ganhou os palcos em 1991 mais recentemente, adaptada pelo próprio Sobreiro, que transformou o texto em um musical que percorreu o Rio Grande do Sul com sucesso. A montagem, que teve sua última apresentação em 1992, retorna, agora no Simões Lopes Neto, a convite do diretor do Teatro, Antônio Hohlfeldt.
O Grupo Entremez, que surgiu em 2012, após a peça Entremez da Rainha, está com novo elenco para este espetáculo: Sandra Viégas, Rodrigo Sobreiro, Roberta Pires, Germano Rusch e Henrique Ávila. No palco, eles contam a história de Ramão, um quarentão sem recursos, que volta a Pelotas depois de um exílio forçado no Uruguai, por conta das mazelas da Revolução Federalista, explorando situações hilárias que ainda envolvem as personagens Eulâmpia, Flaubiana Pitorra, Juca Cidreira e Tônico.
Lendas do Sul
Por sua vez, o Grupo Tholl remonta o espetáculo circense Lendas do Sul, de 1913, que se inspira nas lendas Salamanca do Jarau, Boitatá e Negrinho do Pastoreio. Em 2016, a trupe fez uma montagem inspirada no mesmo livro, para o encerramento da exposição Simões Lopes Neto – Onde não chega o olhar prossegue o pensamento, promovida pela Celulose Riograndense no Santander Cultural.
A mostra encerrou a homenagem ao escritor por ocasião do biênio simoniano: os 150 anos de nascimento, em 2015, e o centenário da morte em 2016. “A partir daí fizemos uma adaptação da história em um espetáculo coreografado, com alguma coisa de circo, mas não totalmente”, explica o diretor da trupe João Bachilli.
A adaptação foi surgindo bem ao estilo das criações do grupo. A partir de oficinas e laboratórios, eles foram montando a colagem das três lendas. “Fizemos dentro de um formato que podemos apresentar em qualquer lugar, na rua, um pavilhão ou dentro de um teatro”, comenta o diretor.
Para esta produção foi criada uma outra estética, bem diferente do que se vê nos espetáculos do Tholl. Segundo Bachilli, os figurinos são mais rústicos, adaptados à temática regionalista. “A gente procurou uma rusticidade, vamos utilizar malhas, trabalhadas com efeitos mais próximos à cor da pele para poder fazer bastante nuance com as luzes. É um estilo bem despojado. É o corpo e a técnica do artista à serviço da interpretação”, fala Bachilli.
Vivências
Tanto os ensaios do elenco da trupe circense quanto o do grupo Entremez estão acontecendo no Centro de Treinamento do Tholl. Na próxima semana, os atores do circo vão fazer uma imersão mais específica em um espaço de equitação.
Nas cenas do Negrinho do Pastoreio, por exemplo, os atores vão se apresentar metade cavalo, metade gente, porém nem todos já montaram em um cavalo. “Então eles vão para lá para fazer oficina, montar, sentir o que é andar a cavalo, sentir como é o movimento do corpo quando está montado. Esse é um trabalho corporal bem forte, então eles têm que vivenciar essas coisas”, conta o diretor.