Dois anos depois da campanha de crowdfunding que viabilizou a impressão do álbum Guaipeca: uma ilusão autobiográfica em vinil. O cantautor Leandro Maia estreia na Zona Sul do Estado o show completo do seu quarto projeto fonográfico. A apresentação ocorre nesta quinta-feira (3) às 20h, no Teatro Municipal do Rio Grande. No palco o músico estará acompanhado pelo instrumentista e arranjador Negrinho Martins e pela bailarina, atriz e professora Maria Falkenbach, diretora do espetáculo, que em cena declama e dança. Ingressos antecipados nas lojas da livraria Vanguarda, rua General Neto, 392, e Shopping Partage ou ainda pelo WhatsApp (51) 98444-6072.
O espetáculo de Maia integra a programação do projeto Ocupa, edital que vai levar 18 atrações culturais ao Municipal até 2 de maio, quando o teatro será fechado para passar por restauro até outubro. As atividades do projeto começaram no domingo (30).
Apesar da necessidade do restauro, por causa da água das cheias do ano passado, que invadiu o prédio, Maia diz que esse é um dos melhores teatros do interior do Estado. “O teatro está lindo, porque eles são caprichosos. Um teatro público bem estruturado, com técnicos do teatro, qualificadíssimos. Tô bem feliz aqui”, comenta o músico.
O edital foi ao encontro da vontade do artista em se apresentar neste município. “Eu queria muito fazer esse show aqui em Rio Grande, muito em função dos 130 anos do Barão de Itararé”, comenta Maia. O título nobiliárquico era o pseudônimo do jornalista, poeta e humorista político Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly (1895-1971). “É o meu homenageado do espetáculo, o meu guaipeca mor. Buscando alguma ancestralidade guaipeca, o Apparício Torelly representa isso pra mim. Então é bem emocionante”, explica.
Alter ego
Guaipeca é uma nomenclatura bem gaúcha que designa o cãozinho vira-lata. E é esse espírito errante, que vai amalgamando influências, que o músico utiliza como avatar, o alter ego que ele escolheu para contar histórias em três eixos narrativos interligados: o amor, o humor e a crítica social. E é esse toque humorístico que expõe a influência do Barão de Itararé, em canções como Lourdes e o esquerdomacho, As vaca ouvindo Mozart e Minha barba é meu blush, canção inspirada e dedicada à Rita Lee e Stevie Wonder.
As canções foram compostas em Pelotas e no início de 2023 foi quando o músico entendeu que a melhor forma de apresentá-lo ao público seria no formato LP. “É um conceito tri importante do Guaipeca, ser vinil e ser plasticamente real, no maior suporte possível, no momento em que as plataformas virtuais dominam o mercado”, comenta Maia.
Sem coleira
Para o músico, o streaming de música sonega informações preciosas dos álbuns, como a ficha técnica da música completa. “É complicado colocar letra ali. Também tem uma complexidade das playlists, tudo já é meio pago, não existe espontaneidade”, fala o músico ao avaliar que fica muito difícil descobrir trabalhos novos de quem não é famoso. “As pessoas têm que ser conhecidas fora da plataforma e ela não remunera nada”, argumenta.
Durante a campanha de crowdfunding para conseguir viabilizar o LP, Maia chegou a lançar a canção que dá título ao projeto no streaming. Foi quando ele teve a certeza que esse álbum não era para aquele lugar.
Dessa forma, Guaipeca não será disponibilizado nas plataformas virtuais. Quem quiser apreciar o trabalho, pode adquirir o vinil diretamente no hall do teatro hoje ou através do através do site https://www.leandromaia.com.br/. O álbum virtual também pode ser acessado gratuitamente no mesmo site. A estratégia deixa claro o posicionamento do compositor que “não aceita a coleira dos algoritmos”.
À espera do Sete
O espetáculo estreou em Porto Alegre/RS (Theatro São Pedro/Olga Reverbel), no final de 2023, e passou por Blumenau, Santa Catarina e Floriano, no Piauí, através de projeto de circulação do Sesc/PI), no ano passado. Também foi apresentado na Inglaterra e Costa Rica a convite do programa de Diplomacia Cultural da Embaixada do Brasil em São José. “Ainda não vai ser possível lançar em Pelotas, mas assim que reabrir o Sete (de Abril) vou lá bater na porta pra tocar”, comenta o músico.
Prestigie
O quê: show Guaipeca: uma ilusão autobiográfica, com Leandro Maia
Quando: quinta-feira (3), às 20h
Onde: Teatro Municipal do Rio Grande, avenida Major Carlos Pinto, 312 – Cidade Nova, Rio Grande
Quanto: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada para classe artística, estudantes, professores, idosos e PCDs). Solicita-se a doação de 1Kg de alimento não perecível; na Bilheteria do Teatro a partir das 17h
Classificação Indicativa: 12 anos
