Se você acessou alguma rede social nos últimos dias, certamente se deparou com algum conhecido ou pessoa pública postando uma foto própria, gerada por Inteligência Artificial, com um estilo de arte do Studio Ghibli, empresa japonesa que cria animações. E, fora a diversão de se ver desenhado como se fosse um personagem de mangá, o tema levantou outra discussão: afinal, tal formato acaba cerceando a originalidade do artista, por exemplo.
O levante de críticas leva a uma outra discussão: até onde o uso de Inteligência Artificial irá dominar nossa produção artística? E a facilidade com que isso é feito, nos levará para qual caminho a curto, médio e longo prazo? Afinal, há uma preocupação urgente: com o uso desenfreado e cada vez mais difícil de identificar de algumas tecnologias, as implicações éticas e sociais são urgentes e gritantes.
Estamos a um ano e meio das eleições presidenciais e o eleitor já deve ter recebido algum vídeo de inteligência artificial fazendo meme de política no seu WhatsApp. Vai desde adversários políticos de polos extremos se beijando a cantando uma canção juntos. Mas, quando chegar o cerne da eleição e haver um vídeo de um candidato admitindo um crime, fazendo uma fala que fere direitos humanos ou algo tão absurdo quanto, como vamos lidar?
Esse é um dos motivos que têm feito a mídia tradicional voltar a crescer no país. Exercer curadoria é o papel dos veículos de comunicação, que passam confiabilidade e são percebidos pelo público como fiadores da verdade. Também por isso, a função do jornalismo se adaptou nos últimos anos. Muito mais do que reportar, é checar, analisar e expor o que é necessário. Doa a quem doer, já que um dos papéis é incomodar mesmo, especialmente aqueles que não querem que algo se torne público, ou que querem direcionar o olhar da população a pontos não tão importantes.
