A Casa de Sofia, espaço bilíngue, cultural e filosófico, utiliza o conceito de oldenburg, também conhecido como terceiro espaço, para gerar conexão a partir da oferta de cursos. À frente da iniciativa que tem o foco em grupos, a professora Celina Brod orienta estudos com conteúdos explorados a partir de conhecimento e discurso filosófico.
Os terceiros espaços são locais que proporcionam a interação de pessoas fora de vínculos familiares e profissionais. A escolha do Parque Una para sediar a casa, explica Celina, se deve à oferta de áreas externas verdes e uso compartilhado de espaços. “Quando estive na Brown University, em Providence (EUA), ficou nítido para mim que um lugar bonito, com bastante verde e áreas externas estimulam o estudo, a troca, a imaginação e a contemplação. E o Parque Una proporciona essa experiência”, justifica.
Um dos diferenciais do negócio é a proposta da formação de vínculos através de experiências compartilhadas de temas de mesmo interesse. Um dos espaços de inspiração para a criação da casa filosófica foi a escola de ballet Pless, da qual Celina é aluna. “A experiência compartilhada, o aprendizado e os laços formados em grupos heterogêneos ultrapassam as portas da escola. Pensei que o mesmo poderia ser possível no meu espaço”, conta.
Inaugurada recentemente, a casa, além de grupos de estudos, conta com atividades como clube do livro, cafés temáticos e aulas personalizadas de inglês. Dentre os temas propostos para estudo dos grupos estão amor, conceito de felicidade, razão e sentimento e ansiedade na vida moderna. Também há clubes destinados para mulheres com 60 anos ou mais, leitura de obras clássicas e para a prática do inglês.
Idealizando a Casa de Sofia há algum tempo, Celina conseguiu tirar o empreendimento do papel em 2025. “Quero que a casa seja um refúgio no meio do caos e que abrigue trocas que marcam o dia das pessoas”, diz. O local também contará com convidados como professores, escritores, psicanalistas, psicólogos e pessoas de outras áreas para a realização de eventos mensais.
Ideia
Conforme Celina, a Casa de Sofia começou a ser elaborada a partir da sua carreira como professora de inglês, oportunidade em que desenvolveu uma metodologia particular combinando o ensino de língua estrangeira à vida subjetiva de cada aluno. “Comecei a transformar as aulas em um momento de reflexão e livre associação, resultando em alunos que usavam uma segunda língua de forma espontânea”, lembra.
Também, tem influência do contato da docente com a filosofia e na vontade de entender o fanatismo. “Estudando o tema, inclusive com parte do meu PHd na Brown University, fui entendendo que tal apego obsessivo a uma ideia partia de um estado emocional. Pessoas buscam abrigo para sua solidão e angústia diante da complexidade do mundo em certezas”, avalia.
A casa se propõe a ser um espaço de trocas, aprendizado, reflexão e a construção de vínculos. “Um lugar para toda pessoa que deseja viver com maior profundidade, conhecimento e sinceridade. Um espaço para recuperar o tempo, este tempo sendo perdido”.