Quatro mil caixas do arquivo geral da prefeitura estão abandonadas em depósito

Descaso

Quatro mil caixas do arquivo geral da prefeitura estão abandonadas em depósito

Entre os documentos estão registros funcionais, fichas financeiras, licitações, entre outros; diante do estado de deterioração, parte dos documentos devem ser perdidos

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Atualizado segunda-feira,
24 de Março de 2025 às 16:11

Quatro mil caixas do arquivo geral da prefeitura estão abandonadas em depósito
Desabamento de telhado contribui para a deterioração de documentos. A maioria dos papéis são registros sobre servidores e atividades da prefeitura de Pelotas. (Foto: Jô Folha)

Documentos referentes às atividades da prefeitura de Pelotas ao longo dos últimos 50 anos, bem como o histórico trabalhista de servidores e autônomos, entre outros processos, estão jogados no chão de um depósito em meio a água parada e insetos há pelo menos dois anos.

As quatro mil caixas do arquivo geral foram encontradas dessa forma no Departamento de Veículos e Oficinas (DVO). Nos próximos três anos, uma equipe do curso de História da UFPel irá trabalhar para tentar recuperar o acervo.

Todo o arquivo geral ficava armazenado no prédio centenário da rua Benjamin Constant, 1544. No entanto, o telhado desabou há alguns anos e, em 2019, cerca de oito mil caixas foram transferidas para o segundo andar da rodoviária.

O restante das doze mil caixas ficou em uma espécie de galpão do DVO, onde foram encontradas em estado de deterioração pela nova gestão da Secretaria de Administração e Recursos Humanos.

São documentos como fichas funcionais, financeiras e remuneratórias de servidores ativos e inativos; contratos de trabalho de celetistas, estatutários, autônomos e cargos em comissão; decretos, portarias, licitações, entre outros.

Boa parte das caixas estão molhadas pela infiltração e os papéis parcialmente desmanchados ou com a tinta borrada. “É a vida administrativa da prefeitura que está aqui e dos seus trabalhadores e funcionários. Então se tu precisar, por exemplo, de um documento para se aposentar, ele pode estar aqui”, diz o professor de História da UFPel, Aristeu Lopes.

O professor Aristeu Lopes e o orientando Euler Zanetti mostram o estado dos documentos. (Foto: Jô Folha)

Ele será responsável, com o orientando de doutorado Euler Zanetti, por trabalhar na recuperação do que for possível dos documentos. O primeiro passo será uma triagem emergencial das caixas para selecionar os arquivos mais passíveis de recuperação.

O trabalho será realizado por meio da criação de um projeto de extensão na universidade, focado exclusivamente no arquivo danificado. A parceria entre a UFPel e a prefeitura está prevista para durar três anos.

Os historiadores estimam que o período será necessário somente para seleção e recuperação dos documentos. Será preciso um tempo ainda mais extenso para catalogar o acervo. “Nesse momento, não dá para fazer um trabalho mais efetivo para higienizar e catalogar”, diz o professor.

Registros históricos

Os documentos verificados até o momento são, na maioria, de a partir da década de 1970, mas também foram encontrados alguns dos anos 1950 e 1960, e um livro ponto de professoras, dos anos 1940, com todas as informações funcionais delas, inclusive os salários.

No galpão, as quatro mil caixas estão em meio a água parada, mofo e insetos mortos. (Foto: Jô Folha)

Além disso, ainda há arquivos na área do prédio interditada devido ao tombamento do telhado, onde a entrada é proibida. “Vamos catar o que está no chão e ver o que dá para salvar, esse é o trabalho que temos que fazer”.

Novo armazenamento

A Secretaria de Administração e Recursos Humanos (Sarh) irá procurar um novo local para receber o que for recuperado do arquivo e, em parceria com a Secretaria de Cultura (Secult), buscar recursos para reformar o prédio do DVO. “O nosso compromisso é de resgatar e preservar o que é patrimônio do povo de Pelotas. É um trabalho muito meticuloso e insalubre”, diz a secretária Carla Cassais sobre as condições do arquivo

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