A Catedral Metropolitana São Francisco de Paula foi contemplada com recursos de quase R$ 2,8 milhões para avançar em mais três frentes de trabalho que compõem a restauração do local santo considerado marco zero da cidade de Pelotas. Entre as obras estão a conclusão da cobertura do telhado, a restauração completa do assoalho em madeira, além da elaboração do projeto de acessibilidade do Salão Paroquial São José.
A restauração das fachadas e a qualificação da reserva técnica estão incluídas nessa fase de execução. Estão previstas ainda ações de educação patrimonial e escola de restauração com capacitação de profissionais. O anúncio foi feito pelo pároco Wilson Fernandes e pela arquiteta da Perene Patrimônio Cultural, Simone Neutzling.
Na sexta-feira (21), todos os envolvidos nos projetos e autoridades participaram de uma visita técnica às obras e, ao final, cada representante das empresas participantes, Iphan e governos municipal e estadual e parlamentares, depositaram um objeto para ser resgatado no futuro. A cápsula do tempo ficará visível ao público em uma parte da lateral onde aparece a estrutura da base onde foi erguida a Catedral.
Para o padre Fernandes, a palavra do evangelho é de boas notícias, uma vez que há 75 anos, a cúpula e o presbitério estavam sendo inaugurados. “Era ano santo, como este agora. Não é coincidência, e sim providência”, considera. Simone, que está há 20 anos atuando com o patrimônio histórico da cidade, comemora a conquista de mais uma etapa e a equipe que trabalha junto com ela. “É muito importante a execução das frentes, pois poderemos, com o telhado concluído, projetarmos a pintura”, sugere. Ela considera fundamental o trabalho da equipe na elaboração de projetos de restauração, na execução e, principalmente, na capacitação de pessoas, levando conhecimento do patrimônio.
A arquiteta lembra que após vencida as etapas de restauro – que é a condição nítida que não foi preservado e cuidado – haverá um projeto para a manutenção da Catedral. Um exemplo citado por ela está na permeabilidade da base onde vai a estrutura do assoalho em madeira, que antes não havia nenhum material que protegesse a madeira da umidade, e que agora está sendo implementado. Em relação ao cimento penteado, a arquiteta garante que é um dos materiais mais resistentes, porém sofre ações provocadas pela poluição dos carros. Um outro detalhe fica por conta da pichação, momento em que o padre Fernandes pede a palavra para falar no sentimento de pertencimento da população. “A Catedral é do povo e precisa ser cuidada”, destaca.
A secretária de Cultura do Estado, Beatriz Araújo, diz que particularmente está muito feliz por ser a Catedral um projeto de muitos anos. “É um projeto de fôlego e que precisa ter persistência, precisa ter muito foco para não desviar, para não deixar de fazer. Acho que a comunidade se envolve e, normalmente, as empresas têm aportado recursos pela lei de incentivos. Sendo que nesta etapa nós conseguimos o recurso direto pelo Fundo de Apoio à Cultura”, destacou.
O diretor do Iphan no escritório em Pelotas, Gilmar Pinheiro, comemora a etapa por ser o Instituto um dos mais motivados na restauração. “Há tempos lutamos junto ao governo federal, governos estaduais e governos municipais para que essa preservação. De nossa parte, apesar desses recursos não serem vinculados ao nosso orçamento, contou com a nossa análise e, com isso, a cidade vai receber uma Catedral não 100% restaurada, mas de várias etapas.”
