A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aprovou, na última semana, a sua reestruturação administrativa. O processo inclui a criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), voltada para a inclusão e combate a violências e preconceitos. Além disso, a reforma fortalece áreas como sustentabilidade, inovação, internacionalização e educação a distância, com mudanças na estrutura do gabinete da reitoria e da vice-reitoria.
Desde o início dos anos 1990, adequar as unidades administrativas tem sido uma medida comum no começo de novas gestões da universidade, visando implementar as propostas estabelecidas em período eleitoral. Neste caso, para manter o mesmo número de pró-reitorias, foram unificadas as Pró-Reitorias Administrativa e de Planejamento e Desenvolvimento, formando a Pró-Reitoria de Planejamento e Administração (Proplad).
A UFPel é uma das universidades que mais tem implementado ações afirmativas nos últimos anos, avalia a reitora Ursula Silva. Para ela, isso se reflete nas políticas de acesso e inclusão, tanto para estudantes quanto em concursos docentes. No entanto, ela julga que ainda é necessário avançar: criar protocolos de enfrentamento às violências, assédios e preconceitos existentes na sociedade, que desembocam no ambiente acadêmico.
Luta pela igualdade
A criação da Proafe torna a UFPel uma das poucas universidades no país a ter uma estrutura dedicada a essas questões, especialmente no Sul do Brasil. O órgão pretende criar um ambiente acolhedor para grupos como pessoas negras, indígenas, com deficiências, LGBTQIA+ e mulheres, no combate a preconceitos e violências. Para isso, a unidade terá duas coordenações: a de Relações Étnico-Raciais, Diversidade e Gênero (Cordigen) e a de Acessibilidade (Coace).
Conforme situa a pró-reitora da Proafe, Claudia Daiane Mollet, a conquista é muito importante em um país com tantas desigualdades. Demanda antiga dos movimentos sociais, a criação da pró-reitoria permite que estudantes negros, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, no espectro autista, com altas habilidades, LGBTQIA+ e mulheres, passem a ter um espaço de representação e apoio.
Em conjunto com as demais pró-reitorias, o Proafe pretende garantir o ingresso, a permanência, a acessibilidade e a inclusão real na universidade. Além da ampliação de ações afirmativas, também fará a formação para professores e técnicos, para aprofundar o conhecimento e os protocolos de acolhimento, didáticos e avaliativos, que envolvem pessoas com deficiência, autismo, TDAH, assim como demais estudantes, indígenas, quilombolas, LGBTQIAPN+ e suas demandas específicas.
Olhar para a sustentabilidade
Além disso, a reformulação potencializa áreas já existentes na UFPel, como a Agência de Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM), que passa a integrar o gabinete da reitoria. A reitora aponta que é necessário centralizar as pautas do meio ambiente, das águas e da sustentabilidade. As universidades públicas precisam refletir sobre responsabilidades futuras em relação ao planeta, e seu papel na construção de um modo de vida mais sustentável, pensa Ursula.