“Começa com um objetivo pequeno, mas depois a gente quer continuar e continuar”

Abre aspas

“Começa com um objetivo pequeno, mas depois a gente quer continuar e continuar”

Cristine Bella Guse é professora do Conservatório de Música

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“Começa com um objetivo pequeno, mas depois a gente quer continuar e continuar”
Professora ministra aulas na UFPel e explica detalhes de como funciona o canto lírico. (Foto: Cíntia Piegas)

Quem passa pela Félix da Cunha com Sete de Setembro em horários comerciais vai escutar um som totalmente diferente dos ruídos dos carros, buzinas, da poluição sonora urbana. São os acordes que ecoam das janelas do Conservatório de Música da UFPel e quem encanta é apreciador da arte. Entre eles o canto lírico, que aparentemente pode ser um gênero distante da realidade, mas está em alta. A professora e doutora portalegrense, Cristine Bella Guse, 48, que desde 2019 ministra aulas em Pelotas, fala sobre a magia do canto lírico.

O que te encanta no canto lírico?

Canto lírico é um tipo de canto em que usa muito a ressonância do próprio corpo. A gente não canta com microfone. Isso faz a gente construir ao longo da nossa formação um corpo a qual possa se expandir internamente e trabalhar sobre o ar. No momento que o aluno consegue chegar nessa elaboração do som e sentir essa ressonância corpórea, ele não larga nunca mais.

Esse tipo de canto não sai de moda?

Então ele está sempre em alta. Ele não é um canto antigo, apesar de ter sido desenvolvido na Itália do século 16. Dali se expandiu para outros países, até chegar aqui no nosso Brasil. Mas os compositores estão sempre compondo para esse tipo de canto que usa o seu máximo de ressonância, e que podemos manipular essa ressonância como quisermos. Tanto presencialmente, fisicamente, como através dos computadores também.

Qual a tua relação com o canto lírico?

Bom, eu não cantava desde pequena. Passei a cantar no coral com meus 14, 15 anos, e que era regido por uma cantora lírica e foi o que mexeu muito comigo. Então comecei a estudar canto, fui para a faculdade. Começa com um objetivo pequeno, mas depois a gente quer continuar e continuar. Eu me graduei em São Paulo, onde vivi por 20 anos, como cantora lírica e professora de canto. Em 2019 vim para cá, trabalhar e desenvolver também as classes de canto com as minhas colegas Leonora e Magali.

O que é exigido ao longo do curso?

Os alunos precisam fazer dois recitais até o final do curso e um TCC [Tese de Conclusão de Curso] sobre uma área da performance que interessa a eles. Temos também a matéria de Anatomofisiologia da voz, que hoje ela é optativa, mas que todos os alunos de canto fazem pelo interesse, por ser uma disciplina tão importante.

Como é o mercado de trabalho?

É o mundo. Nós temos inclusive vários alunos que saíram daqui e foram explorar novos ambientes. Tivemos recentemente uma aluna que passou no Coro Municipal de Goiânia. Outras saíram daqui e foram fazer pós-graduação no Rio de Janeiro. Muitos estão fazendo especialização no Conservatório de Paris. Então a gente exporta muitos alunos daqui. A pessoa vem com a sua pequena bagagem, ou às vezes com nenhuma, mas gosta de escutar. E dali a gente vai trabalhando. Cada profissional sai com o nível sólido de que se dedicou. Temos toda a estrutura para fornecer para esse aluno de acordo com a ambição e com o que ele almeja. Tem alunos que realmente gostam da performance e querem se tornar cantores líricos profissionais.

O Festival Internacional Sesc de Música serve de incentivo para novos alunos?

Sim. Além do festival, tem a Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul, que recebe vários ex-alunos e alunos da universidade. É uma companhia que contrata cantores de forma profissional, com cachê e tudo.

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