A chegada de elevador no Salão Milton de Lemos já demonstra a relevância da obra de restauro que está sendo feita no prédio do Conservatório de Música. Um prédio condenado pelas condições precárias agora entra para a terceira fase de trabalho e ganhará a pintura da fachada, acessibilidade nos banheiros e um adendo que será a troca do forro do espaço dedicado aos recitais. O valor aprovado é de R$ 1.480,593,16. Construída entre os anos de 1832 e 1835, a edificação é uma das mais imponentes do Centro Histórico e guarda a memória de tempos áureos e de vanguarda.
A produtora cultural Josiele Castro, CEO da Santa Fé Produtora & Patrimônio, explica que essa será a penúltima etapa do projeto de restauro e fala em ar de nostalgia. “Nós tomamos para nós as dores de cada prédio onde viemos atuar. E quando nós fazemos isso, entendemos o quanto é imediata a necessidade de uma resolução. É um telhado caindo, é fachada, soltando detritos que podem cair em cima de uma pessoa. É o uso totalmente prejudicado por motivos estruturais e patologias. Nós temos muita pressa e buscamos todas as brechas e oportunidades e recursos para conseguir”, diz. A nova etapa será com recursos via Lei de Incentivo à Cultura ((LIC/RS) para a pintura geral das fachadas, restauro do telhado auxiliar e acessibilidade de banheiros.
Junto à comunidade
O projeto inclui ainda um Plano de Educação Patrimonial com alunos de escola pública municipal. Inclusive foram os alunos da Escola Francisco Simões que abriram o cerimonial com o coral regido pelo pequeno Enzo e emocionou a todos. O projeto contempla ainda a confecção de material audiovisual sobre patrimônio e visitas acessíveis por PcD e idosos. Esse público será o próximo a entrar no projeto de educação patrimonial.
A diretora Magali Letícia Spiazzi Richter, que é professora de canto há 36 anos, conta que só iria se aposentar quando visse o elevador pronto. Agora, já em funcionamento e com novos projetos pela frente, ela diz que vai repensar. “Porque realmente é a importância disso para a acessibilidade das pessoas. Aqui, acontecem as atividades do Conservatório de Música, também os nossos recitais”. A reitora Ursula Rosa, que viu a apresentação do filho ao piano (cursa o segundo semestre), diz que desde o tempo de direção do Centro de Artes, trabalhou para o conservatório. “A gente fez um trabalho de muita dedicação, com a mão de obra que a gente conseguiu, juntando apoio da associação. E nós conseguimos esse prédio inteiro, que antes era algo impensável, na verdade”, comenta a reitora. Ela diz que é preciso respeitar, honrar e levar adiante a história do patrimônio.
Emocionada com a apresentação das crianças, a secretária de Cultura Carmem Roig citou os desafios que a prefeitura tem com os prédios do Sete de Abril, do Museu da Cidade e das Finanças. “São vários lugares de cultura que a gente tem que recuperar de novo. E estar aqui neste lugar sagrado da música, que eu vejo e acredito na educação patrimonial das crianças para a cidade”.
Entre os apoiadores está a Associação dos Amigos do Conservatório de Música (Assamcon), que lembra a luta para manter as portas abertas nos cem anos da casa de música, e a reitoria da Universidade Federal de Pelotas, via Lei de Incentivo à Cultura RS e Lei Aldir Blanc, com recursos do Pró-Cultura RS, por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) – Secretaria da Cultura – governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Relembre
Em outubro do ano passado entraram em funcionamento o elevador e a rampa de entrada e foi concluído o reparo de todas as aberturas. Restaurado via Lei de Incentivo à Cultura (LIC) pela Santa Fé Produtora & Patrimônio, a segunda fase da obra custou em R$ 1.205.086,20.