É temeroso o cenário que se desenha para o Polo Rodoviário de Pelotas. Se o atual contrato é prejudicial, admitido por todas as partes, se projeta um cenário tão negativo quanto: ficarmos sem qualquer cobertura nas nossas rodovias. A situação, cada vez mais provável, acende um alerta para diversos pontos, como qualidade de infraestrutura e segurança.
Sem leilão até o fim do contrato com a Ecovias Sul, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) assumiria a gestão de todo o Polo Pelotas. Por um lado, muitos vão comemorar as cancelas levantadas e, enfim, o livramento de uma das tarifas mais caras do país. De outro, porém, a gente passa a perder em estrutura viária. É visível em todas as rodovias da região sob gestão do Dnit a dificuldade que o órgão federal possui para oferecer qualidade viária. A BR-293, que leva para Bagé, é um claro exemplo disso.
Além disso, deixar a gestão dos atendimentos para acidentes por parte dos municípios torna tudo mais perigoso, dentro de uma lógica do cobertor curto que a saúde pública vive. A ambulância se deslocando para a rodovia deixa a cidade descoberta. A ambulância atendendo na cidade, demora para chegar na rodovia. Como que vai ser?
O atraso para lidar com o processo do leilão é óbvio e gritante. Por mais que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tangencie sobre o processo, toda a lógica histórica joga contra a ideia de concluir todo o processo até 6 de março do ano que vem. Normalmente se leva pelo menos dois anos para tal. Com que confiança vamos acreditar que em menos de um tudo será feito dessa vez?
Diante desse cenário, é urgente que a região se mobilize em busca de uma solução que não nos deixe descobertos. Deixar o gargalo do pedágio caro, mas substituí-lo por rodovias sem manutenção e perdendo qualidade em infraestrutura será prejudicial. É preciso que o governo federal apresente desde já uma proposta de plano B, como uma gestão emergencial pelo período, ou qualquer outra ideia, desde que leve em consideração, acima de tudo, os interesses do desenvolvimento econômico da Metade Sul.