É urgente que se repense a maneira como é trabalhada a saúde, principalmente em municípios de interior, no modelo de gestão atual do nosso país. Com a tabela SUS com 12 anos de defasagem, os hospitais têm dificuldades de manter suas contas. Com a alta demanda de um pós-pandemia, envelhecimento populacional e outras situações, as prefeituras têm problemas para fazer a gestão geral de suas atribuições. Ou seja, tudo parece estar longe do ideal e a receita para um problemão está desenhada.
É preocupante o cenário descrito pela secretária de Saúde de Pelotas, Ângela Vitória, em fala na noite de segunda-feira na Câmara de Vereadores. Também é preocupante a postura de ambos os lados, tanto governistas quanto opositores, com comportamentos longe do adequado para um debate sobre tema tão grave, mas isso é tema para outro momento. O fato é que Pelotas encara desafios urgentes, que colocam a situação da saúde municipal em um estado grave. Alta de mortalidade infantil, péssima estrutura nas Unidades Básicas, baixa cobertura vacinal e, de quebra, falta dinheiro.
Motivo, aliás, que coloca outros dois hospitais essenciais da região em um aperto. A crise da Santa Casa de Rio Grande é o cenário mais grave hoje, a ponto de se ventilar seriamente a hipótese de um encerramento das atividades, o que seria uma tragédia coletiva. Em São Lourenço do Sul a crise se arrasta há anos e agora os médicos estão em greve. Cenário catastrófico para duas das maiores cidades da Zona Sul, com suas populações sofrendo diante da falta de certeza sobre serviços tão essenciais.
Tudo isso leva para uma necessidade óbvia: repensar a distribuição e a gestão de recursos na saúde. Não podemos ter as cidades vivendo num eterno temor de fechamento de serviços ou prestação abaixo do nível aceitável. É urgente que o Ministério da Saúde reorganize parte da sua distribuição de recursos, sob pena de enfrentarmos situações extremas. Há cinco anos vivíamos o pânico coletivo de uma pandemia que surgiu do nada e em três meses tomou conta do mundo. E se isso se repetir?