Mais de dez mil eleitores podem perder título por não justificar faltas

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Mais de dez mil eleitores podem perder título por não justificar faltas

Grupo representa 4% do eleitorado e é formado em sua maioria por homens, jovens e de baixa escolaridade

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Mais de dez mil eleitores podem perder título por não justificar faltas
Ausência não justificada pode acarretar em implicações jurídicas. (Foto: Jô Folha)

O painel do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre eleitores faltosos nas últimas três eleições revela que 10.068 eleitores de Pelotas não compareceram às urnas e correm o risco de ter o título de eleitor cancelado. O número representa 4% do total de 248 mil eleitores.

O número de eleitores ausentes nas três eleições anteriores cresceu quase 300% em Pelotas na comparação com 2019, quando foram registrados 2,5 mil eleitores faltosos. O TSE considera cada turno como uma eleição, portanto, os números atuais se referem aos eleitores que não votaram nos dois turnos da eleição municipal de 2024 e no segundo turno da eleição de 2022.

Os dados revelam que 58% dos faltosos são homens, 42,5% têm ensino fundamental incompleto e 23,9% são jovens entre 25 e 29 anos. Entre estes mais jovens, 44,6% têm ensino fundamental incompleto, representando 10,6% do total de eleitores faltosos. Os jovens de 25 a 29 anos que faltaram às últimas três eleições correspondem a cerca de 10% do total de 24,2 mil eleitores nessa faixa etária.

Ampliando a análise para a faixa etária para jovens de 20 a 34 anos, foram 5.239 faltantes, o que representa 52% do total, dos quais 3.143 são homens, ou seja, 31% do total. Homens de 20 a 34 anos, com ensino fundamental incompleto ou apenas alfabetizados são 14,3% dos dez mil eleitores que não votaram.

Números revelam descrença na política

A cientista social e política Elis Radmann, diretora do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, explica que os números revelam a descrença dos mais jovens na política. Segundo ela, há dois grupos nessa população. “O grupo com mais escolaridade acaba fazendo um ativismo digital, mas um grupo com menor escolaridade, que luta pela sua sobrevivência e se preocupa em conseguir emprego, alimenta a descrença e acha que não vai mudar nada”, diz.

A forma com que as campanhas são conduzidas também afasta os jovens da política. “Ainda é muito recorrente campanhas eleitorais com clientelismo e oportunismo, então o jovem da periferia vê como funciona o ‘toma lá, dá cá’ e acha que ele não vai mudar nada”, afirma Elis.

A pesquisadora atribui a maior descrença entre homens à pressão para que eles se tornem provedores e independentes. “Enquanto o menino de 15, 16 anos é cobrado pela família para ajudar no sustento da casa, a menina a família muitas vezes segura mais tempo, então ela demora mais a sentir as dores da necessidade de trabalhar, de ter um curso de qualificação”, avalia.

Registro cancelado

Os eleitores que faltaram nas últimas três eleições e não justificaram a ausência nem pagaram multa podem ter o título de eleitor cancelado caso não regularizem a situação. A regra, porém, não se aplica a quem tem o voto facultativo, caso dos menores de 18 anos, dos maiores de 70 anos e dos analfabetos.

Eleitores que não estejam em situação regular, além de não poder votar, também não podem receber salários de órgãos públicos, participar de concurso público, se matricular em instituições de ensino ou contrair empréstimo de instituições ligadas ao governo.

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