A recente vitória do filme brasileiro Ainda Estou Aqui como Melhor Filme Internacional no Oscar 2025 entrou para a história do cinema nacional. O triunfo de um longa-metragem brasileiro em uma das maiores premiações do cinema mundial não apenas coloca o Brasil no centro das atenções internacionais, mas também reverbera fortemente no cenário audiovisual local.
Segundo Alexandre Meireles, coordenador do Ecossistema Audiovisual da Região Sul (ARS), a vitória no Oscar serve como um verdadeiro marco para o crescimento e o reconhecimento do cinema nacional, além de fortalecer as iniciativas voltadas para o desenvolvimento da indústria audiovisual no Brasil. Na região sul do estado, o ARS tem sido um dos pilares fundamentais para qualificar a produção local.
Em 2025, o projeto Laboratório Audiovisual Região Sul (LAB-ARS) está em pleno andamento, com 36 projetos cinematográficos inscritos, incluindo longas e séries de diversas cidades do Estado, como Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande e Jaguarão. Com o objetivo de promover a capacitação e o aprimoramento de profissionais do audiovisual, o projeto tem incentivado a criação de conteúdo genuinamente regional e inclusivo, oferecendo mentorias, masterclasses e bolsas para participantes.
Meireles ainda destaca que a grande adesão de inscritos mostra o crescente potencial criativo e artístico da região sul, com um foco especial na diversidade e na inclusão. Ele indica que a iniciativa subverte a lógica existente na região de esperar que um produtor ou diretor realize as gravações na região, e ocupa esse espaço com obras autorais produzidas aqui para o mundo. A fim de levar as obras ainda mais longe, o projeto ainda propõe a participação em eventos do mercado audiovisual em diferentes lugares do mundo. A iniciativa vai ao encontro da ideia de descentralizar a produção audiovisual e dar visibilidade a talentos que, muitas vezes, ficam à margem das grandes metrópoles.
18 anos do Curso de Cinema
O movimento em direção à valorização de produções locais e regionais reflete-se também no trabalho de instituições como a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que, ao completar 18 anos do curso de Cinema em 2025, tem sido um celeiro de profissionais talentosos, muitos dos quais já estão conquistando reconhecimento no Brasil e no exterior.
Um deles é o agora mestrando da instituição, Pedro Tavares Filho. Tendo concluído o curso em 2019, hoje atua como roteirista, diretor e produtor de curtas e longas-metragens. No momento está desenvolvendo o roteiro de um filme ambientado no litoral gaúcho e, paralelamente, dirigiu dois curtas-metragens filmados em Pelotas: Besta do Ventre e Homenagem. Ambos financiados por leis de incentivo municipais e têm lançamento previsto ainda para este ano.
Tavares Filho observa que esse reconhecimento internacional pode alavancar ainda mais a produção local. Para ele, essa vitória nos faz lembrar da força do nosso audiovisual e de como nossas histórias podem chegar ao mundo inteiro, apesar das dificuldades.
Na avaliação, o impacto da vitória no Oscar não se limita ao reconhecimento da obra, mas também gera uma onda de otimismo para o futuro do audiovisual brasileiro, que continua a se reinventar e prosperar em meio a desafios. Há um ar de esperança de que a premiação coloca os olhos do mundo no talento e na potência do cinema brasileiro, e abre portas para que mais histórias, como a de Eunice Paiva, sejam contadas e aplaudidas mundialmente.