Problemas de um país continental

Editorial

Problemas de um país continental

Problemas de um país continental
Cota da tainha gerou protesto no pedágio do Capão Seco, entre Pelotas e Rio Grande. (Foto: Cíntia Piegas)

A medida tomada envolvendo a cota de tainhas é daquelas coisas que acontecem no país e reforçam o problema trazido pelas tomadas de decisões feitas dentro de gabinetes, em Brasília, sem conhecer os locais onde serão aplicados. A Lagoa dos Patos tem proporções gigantescas e, embora seja extremamente necessário todo o cuidado e preservação para a manutenção da espécie, é complicado fazê-lo através de um canetaço. É preciso ouvir pescadores e universidades locais e o impacto que causará nas comunidades onde as propostas serão aplicadas.

Isso joga luz sobre tantas outras decisões que impactam diretamente nos municípios. O nosso formato federativo tem um elo fraquíssimo, que estoura justamente nas cidades, onde a vida acontece. A maior fatia do bolo fica com a União, seguida dos estados e por fim os municípios. Com isso, as prefeituras enfrentam as crises financeiras sem fim que acompanhamos desde sempre e as pessoas têm enfraquecidos serviços básicos que competem aos municípios, como educação, assistência social e atendimento em saúde, mesmo com as compensações oferecidas.

O Brasil tem características específicas enquanto nação e, dentro do que é possível, funciona. Só que o processo de elitização e centralização em Brasília, que leva à necessidade de peregrinação com o boné para pedir recursos e ao desespero para tentar conseguir decisões favoráveis impacta diretamente no desenvolvimento dos interiores. Vemos casos simbólicos aqui na Zona Sul, como a termelétrica de Candiota, as obras de infraestrutura necessárias, a termelétrica de Rio Grande, os pedágios e muito mais.

Embora tenhamos a sorte de ter lideranças regionais alinhadas intimamente com o governo federal, este é sempre um cenário perigoso e delicado. É questão de detalhe para qualquer cidade voltar a ter suas pautas travadas. Além disso, depender eternamente da boa vontade de políticos que nem nos conhecem nos deixa extremamente vulneráveis.

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