Os holofotes do mundo se voltaram à produção cultural brasileira nos últimos meses. Embora o lamento da derrota de Fernanda Torres como Melhor Atriz e da categoria de Melhor Filme, pela primeira vez, trouxemos uma estatueta para nosso país, como Melhor Filme Estrangeiro. E isso é uma vitória excepcional para nossa nação. Ao sul da linha do Equador, muitas produções passam esquecidas e, finalmente, conseguimos atrair olhares para nossa capacidade de produção.
Pelotas, como uma cidade extremamente cultural e que utiliza-se dela para atrair turistas e investidores, pode ganhar com isso. Nos próximos meses o filme nacional Vó África será filmado aqui e é mais uma oportunidade para nos posicionarmos. Com o advento do Ainda Estou Aqui, as produções nacionais tendem a ser mais valorizadas no futuro e uma cidade que forma profissionais da área de Cinema & Audiovisual aos montes tem uma excelente possibilidade de colher frutos com isso.
Mas voltando ao panorama nacional, termos tamanha valorização um filme que conta nossa história para o mundo e sermos vistos também foi um gás na nossa autoestima enquanto nação. Há muito tempo não se via um orgulho nacional tão grande por algo. Embora muitos críticos, entre eles alguns saudosistas do período militar, em sua esmagadora maioria, a obra de Walter Salles foi um acalento para um país que vinha dividindo-se e reforçando sua síndrome de vira latas em muitas situações.
O Brasil é um país de extrema qualidade cultural, com pluralidade como poucas, talvez nenhuma, outra nação tenha. É excepcional criar mecanismos que valorizem isso. Gera empregos, renda, melhora a autoestima e impacta diretamente no turismo, na forma como somos vistos pelo mundo e na forma em que isso retorna para nós. Investir em cultura pode melhorar nossa imagem perante o mundo, um exemplo dado constantemente por Estados Unidos, Coreia do Sul e tantos outros países. Se nós mesmos compreendermos essa nossa riqueza, estaremos um passo mais próximos de ganharmos ainda mais com isso.
