Trabalhadores com valores retidos no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) demitidos sem justa causa a partir de janeiro de 2020 que aderiram à modalidade de saque-aniversário poderão realizar saque de até R$ 3 mil a partir do dia 6 de março. Valores acima de R$ 3 mil deverão ter pagamento agendado a partir de 17 de junho.
Prevista para ser publicada ontem, a medida provisória (MP) pretende liberar R$ 12 bilhões do FGTS para 12,1 milhões de trabalhadores em todo o Brasil. Serão beneficiados trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário, foram demitidos e não puderam receber o saldo do FGTS pela modalidade de rescisão.
O cronograma divulgado pelo governo prevê duas etapas para a realização do pagamento: uma para valores de até R$ 3 mil, ainda em março; com a diferença acima de R$ 3 mil sendo liberada em junho.
Conforme a Caixa Econômica Federal, o pagamento poderá ser feito nas agências da Caixa, em lotéricas ou creditado na conta sinalizada pelo optante. Em nota, a Caixa comunicou que até a próxima terça-feira o app do FGTS e demais canais de atendimento já deverão estar atualizados para consultas como extrato, valores do Fundo já liberados para crédito em conta bancária e consulta a valores liberados para saque.
Quem optar pelo saque-aniversário a partir da publicação da medida, não poderá acessar o saldo retido. O governo definiu que a medida é somente retroativa, voltada a liberar acesso a valores travados sem contemplar usos futuros do saque-aniversário.
Injeção à economia
De acordo com o professor de Economia da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), Gibran Teixeira, a liberação do valor extra deve movimentar a economia da região. “O valor poderá ser aplicado a bens duráveis, alimentos, serviços, gerando maior movimentação para o comércio local. O lado positivo é que terá mais recurso injetado na economia”, avalia.
O professor destaca que possivelmente os valores extras do FGTS não devem gerar inflação por a economia já estar aquecida a curto prazo. “Entretanto, vejo a possibilidade de gerar inflação a médio e longo prazo, visto que o recurso existe para financiar a habitação popular no país. Quando você deixa de ofertar recursos para esse segmento, o da construção civil, ela terá que se financiar a taxas de juros mais elevadas, o que deve encarecer as habitações a médio e longo prazo”, explica.
Para quem for sacar o recurso, a recomendação do economista é usar a renda extra para quitar dívidas e restabelecer o equilíbrio financeiro. “Para quem está com as contas em dia, oriento aplicar o recurso em algum investimento financeiro com uma taxa de juros maior que a remuneração do FGTS, como título de renda fixa ou mercado financeiro”, orienta. De acordo com economista, o principal é usar o valor para quitar dívidas.
