Depois de conviver com a fumaça durante dias, moradores do entorno do supermercado Paraíso, na Dom Pedro II, atingido pelo incêndio há dez dias, ainda enfrentam transtornos, com algumas casas interditadas e o cheiro forte na região. O engenheiro responsável pelo prédio, Vittorio Ardizzone, informa que a limpeza da área, já liberada pelos peritos, está em andamento, enquanto uma nova visita da equipe de perícia está sendo organizada para conclusão dos trabalhos até o final da semana.
Segundo Ardizzone, a parte restante da inspeção abrange a lateral da parede junto ao edifício vizinho e os fundos das casas na rua Almirante Barroso, que ainda não puderam ser acessados. Para isso, será necessário remover todos os entulhos remanescentes na área da loja, garantindo acesso aos dois pavimentos desta seção e aos fundos do depósito, na linha da divisa. O engenheiro também afirma que os moradores estão a par do andamento. Quanto aos estragos em casas próximas, garante que a empresa já traça planos de recuperação.
Cronograma de Limpeza
Sobre o cronograma de limpeza total, a assessoria de marketing da Rede de Supermercados Paraíso comunica que possivelmente o processo demore 15 dias. Há muito material de demolição e escombros da loja dificultando os trabalhos. O material orgânico já foi praticamente todo retirado, garante a empresa. A limpeza é coordenada pela Rede Paraíso com acompanhamento do poder público.
Conforme a nota, as equipes estão trabalhando o mais rápido possível para minimizar o impacto do ocorrido para a população do entorno. Desde a última sexta-feira os trabalhadores têm atuado no local.
Nova Loja Será Construída
A rede de supermercados informa que, assim que possível, iniciará as obras de reconstrução da loja no mesmo local, embora ainda não tenha um prazo definido para a reinauguração.
Odores incomodam comunidade
Enquanto a remoção dos entulhos segue dentro da área autorizada, os moradores do entorno ainda enfrentam os impactos do incidente. O manuseio dos resíduos intensifica a liberação de odores fortes, espalhando-se pela região e causando desconforto. A moradora da rua Alberto Rosa, Cláudia Godinho, 49, reclama do forte cheiro de apodrecimento no ar. O odor varia de intensidade a depender do sentido do vento, piora em dias mais quentes e ameniza quando chove, descreve ela.
O problema tem origem nos restos de alimentos que permanecem nas ruínas do supermercado. Porém, a preocupação de Cláudia envolve o possível risco de infestação de animais, como ratos e baratas, devido ao tempo de exposição dos alimentos ao ar livre. Além disso, ela afirma que a quantidade de moscas aumentou bastante nos últimos dias.“Quem sente é quem mora nas proximidades. Não estamos abrindo as janelas”, diz.
Rafaela Moreno, 18, moradora do prédio residencial ao lado da área atingida, declara já ter se acostumado com os odores, embora sejam desconfortáveis. Ela sabe que o cheiro é resultado natural do manejo dos resíduos e sinal de que a situação está cada vez mais perto de ter um fim. De acordo com o relato, o pior cenário foi quando as máquinas chegaram ao setor de leites e bebidas. “Estão limpando bem rápido, por conta do cheiro”, aponta.
Reparos em casas vizinhas
Com a área dos fundos da casa ainda interditada devido à queda de parte da parede do mercado, Francine Adamoli, em tratamento contra câncer de pulmão, enfrentou dificuldades respiratórias causadas pela fumaça nos primeiros dias. Atualmente, blocos de concreto seguem pendurados na varanda, mas o engenheiro Ardizzone diz que já avaliou a situação e garante que o seguro cobrirá os custos.
