Mais de 400 mil pessoas devem pular o Carnaval na Zona Sul do Estado, aponta a reportagem da página 9 desta edição. Isso reforça uma raiz forte da nossa cultura e expõe a potencialidade de tornarmo-nos ainda mais fortes nesse sentido. São Lourenço do Sul, ao triplicar sua população para os blocos de rua, dá o maior exemplo disso. São turistas, a maioria da própria Zona Sul, que deixam recursos em aluguéis, consumo e em potencial de retorno para a própria cidade. Exemplo ímpar de preparação que sobrepõe gestões municipais. Mesmo com trocas de governo, a cidade mantém-se forte e a folia virou parte natural do calendário do município.
Com isso, naturalmente, fica exposta a fragilidade pelotense nessa frente. Se no passado tivemos um dos carnavais mais fortes do Brasil, hoje os desfiles de escolas são marcados por incógnitas. É bem verdade que os bloquinhos e cordões seguem fortes, com grande presença de público e muita festa. As festas em clubes também são tradicionalíssimas. Mas são de consumo interno. Não vem ninguém de fora da cidade. Não acontece o que acontece em São Lourenço do Sul. Pelo contrário, boa parte do público lá, no Cassino e em Jaguarão são os próprios pelotenses que vão para outros lugares por não enxergar atrativos aqui.
É um desafio enorme mudar essa cultura e retomar o protagonismo. O primeiro e mais fundamental dos passos deve ser qualificar a folia oficial. Não tem cabimento mais uma vez a festa ser em abril. No extremo Sul do Brasil, é um Carnaval de casaquinho. Não tem como. É fundamental aproveitar a potencialidade do verão, da estrutura municipal – talvez até do Laranjal – e reforçar a permanência dos pelotenses e a atração de gente de fora.
Para isso é fundamental organização. É preciso começar a pensar ainda hoje na folia de 2026, em maneiras de atrair e, principalmente, de manter o ritmo por muitos anos para criar-se um ciclo virtuoso, que supere gestões e se torne parte da tradição fixa do município. Tal qual São Lourenço do Sul passou a fazer tão habilmente.