Em carta, as alianças Pelotas e Rio Grande elencaram as principais demandas da metade Sul. O documento, que cita gargalos históricos da região, foi entregue ao presidente pela prefeita Darlene Pereira (PT). Entre os temas lembrados no documento estão as pontes entre Rio Grande e São José do Norte e no Canal São Gonçalo, a duplicação do lote 4 da BR-392 e o projeto da Usina Termelétrica Rio Grande.
Durante o seu discurso, Darlene se emocionou ao falar da representatividade do presidente em sua vida política. Apesar do carinho, a prefeita não perdeu a oportunidade e lembrou Lula das demandas da região.
“Te peço que a gente possa incluir o projeto da BR-392 no Novo PAC, esse é o nosso grande pedido. Outras tantas coisas, como a ligação a seco entre Rio Grande e São José do Norte, que a gente sabe que já está andando”, argumenta.
Além disso, Darlene também cita a burocracia na termelétrica e no potencial de implantação de energia eólica offshore no município. “Mais do que te pedir, eu quero te oferecer esse nosso mar que está pronto para receber as eólicas offshore, porque a nossa região é uma das melhores regiões para esse tipo de energia. Nós estamos prontos para isso, mas nós ainda precisamos de alguns empurrões na burocracia, assim como na termelétrica”, destaca.
Candiota entrega documento
Em conversa com a reportagem, antes da chegada do presidente, o prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador (MDB), estava otimista para um diálogo com o governo federal, para sensibilizar as autoridades sobre a transição energética.
“Estamos com uma comitiva de Candiota, estamos tentando, junto do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), ter a oportunidade de conversar com ele e com o presidente sobre a importância de retomar a usina de Candiota, que está fechada há mais de 50 dias”, afirmou o prefeito.
Com o atraso na agenda, Lula (PT) e a sua comitiva saíram do evento e embarcaram direto para Brasília, onde tinham outras agendas ao longo do dia. A rápida partida fez com que a conversa se transformasse na entrega de um documento, sobre a Usina Candiota 3, ao assessor do ministro de Minas e Energia.
Além de Folador, o vice-governador, Gabriel Souza (MDB), também citou a demanda de Candiota em seu discurso. Ele garante que conhece a opinião do presidente sobre o assunto e espera uma solução para o tema.
Folador e as demais lideranças da região e do RS buscam agenda para dialogar com o governo federal visando uma Medida Provisória que amplie o prazo de transição energética para 2043.
Frustração
A presença de uma grande comitiva federal fez crescer as expectativas por outros anúncios durante o evento. “Preciso dizer que saímos um pouco frustrados”, comentou a presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), Paula Mascarenhas (PSDB).
“Não houve anúncios de investimentos aqui e nós também não tivemos a oportunidade, infelizmente, de ter cinco minutos com o presidente para entregar o documento com as demandas”, explica.
Assim como as demais lideranças, Paula cita diversas necessidades da região que precisam de solução. “A retomada da Usina de Candiota, com uma transição justa para não prejudicar absurdamente o município, algumas demandas importantes na questão do pedágio, para que não seja concedido o trecho entre Camaquã e Porto Alegre antes que seja decidido o Polo Pelotas, afinal a BR-116 é uma só, ela precisa ser pensada de forma única”, destaca.
Para ela, a retomada da indústria naval também representa a necessidade de novas melhorias estruturantes na região. “O governo veio aqui falar de investimentos no Polo Naval, que são muito bem-vindos, mas para isso, nós vamos precisar mais do que nunca da conclusão do lote 4, assim como a travessia a seco entre Rio Grande e São José do Norte e a segunda ponte sobre o São Gonçalo”, conclui.
Retorno ao município
Após sete anos entre uma visita e outra à região, Lula pode retornar à Rio Grande nos próximos meses. O deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) se mostra otimista para uma nova agenda presidencial em agosto. “O empreendimento Junção é o maior empreendimento por cooperativas do Brasil, são 1.120 apartamentos e mais 156 casas. Então ele [Lula] deve vir também”, afirma.
Expectativa por emprego
Além do investimento no município, a retomada do Polo Naval em Rio Grande também representa muito para os trabalhadores. Presente no evento, a engenheira Civil Valesca Castro comemorou a retomada dos trabalhos de grande porte no Estaleiro Rio Grande.
“A gente está muito contente com esses novos projetos, a gente se preparou esses anos todos de recuperação para um novo contrato e esse dia chegou. O estaleiro teve um tempo com atividades lentas, de reparo naval, projetos menores, mas a gente estava esperando muito por esse momento”, disse Valesca, que atua no Grupo Ecovix desde 2013.
Técnico em meio ambiente, Daniel Branco também celebrou a retomada do Polo Naval. “A volta do Polo Naval é muito boa porque faz a gente prosperar. Isso é um movimento pra cidade, faz com que todos os colaboradores, tanto internos quanto externos, até pessoas que saíram e não conseguiram retornar, que tenham esperança. Essa retomada vai ser muito importante”, comentou.