A dupla Bra-Pel vai disputar o quadrangular contra o rebaixamento no Gauchão. Teremos dois clássicos pela frente, em um cenário lamentável diante do contexto da relação de nossa cidade com o futebol. Temos orgulho de ser um dos poucos lugares de interior em que o amor pelos clubes locais ainda se sobressai e, por isso, damos muita atenção a Brasil, Farroupilha e Pelotas. No entanto, o que se vê em campo nos últimos anos nem de perto se aproxima de merecer tamanha paixão.
O Brasil vem em uma queda brusca nos últimos quatro anos. Em 2021 ainda jogava a segunda divisão do Campeonato Brasileiro e hoje luta para não cair no Gaúcho. Polêmicas fora de campo, com gestões passadas, e perrengues financeiros impactam em times menos qualificados. Já o Pelotas, entre sobe e desce da segunda divisão, vive de eternas promessas de se estruturar e ter sequência, mas na prática a coisa trava e a torcida sofre mais do que comemora.
Diante do cenário de desgosto que ambos os times trazem, é natural ver comparação com outras cidades, principalmente Caxias do Sul. De fato, o Juventude é hoje um clube de primeira divisão e estruturado para tal. O Caxias busca constantemente melhorar e ambos têm bons investimentos. É natural que lá se tenha mais investimentos pela diferença de perfil de cidade, mas os próprios clubes apresentam-se como mais atraentes para investir, dada a sua estruturação. Por aqui, fora aproximar-se da paixão das torcidas, qual o outro motivo para colocar dinheiro em futebol?
O debate sobre transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ainda engatinha nos clubes, mas é uma opção a ser considerada. Hoje, por mais que haja esforço das direções e inegável vontade de fazer melhor, com o cenário econômico do futebol pelotense é inviável fazer voos maiores. A profissionalização das instituições deve ser um dos poucos caminhos para se reverter a crise de qualidade, desde que sejam garantidos mecanismos que mantenham suas torcidas próximas a eles. Sem as pessoas, todo o resto deixa de fazer sentido.