O curta-metragem O filme da vó, da produtora pelotense Fitas Clipe, está concorrendo ao prêmio de Melhor Curta-Metragem Documentário no 15° Arraial Cine Fest, na Bahia. O festival, que começa hoje e vai até sexta-feira de forma on-line, tem produções audiovisuais concorrendo entre as nove categorias. Os filmes podem ser vistos através do site https://filmmakers.festhome.com/f/6595/999.
Para esta edição do Arraial Cine Fest foram selecionados 23 filmes de seis países: Brasil, Portugal, Espanha, Coreia do Sul, Chile, Reino Unido e Iran. Mas essa é a primeira vez que a produtora tem um curta-metragem selecionado para uma mostra competitiva com júri internacional. Com essa, a Fitas Clipe completa 12 seleções em festivais de cinema. “As outras 11 vezes foram com videoclipes de artistas e bandas de Pelotas”, explica a diretora e roteirista Natália Cabral.
O filme da vó trata da solidão na terceira idade e da busca por criar um cotidiano motivador. No documentário de 19 minutos, a diretora acompanha o dia a dia de Norma Neutzling Meggiato, 83 anos, avó de Natália. Em sua casa, cercada por memórias, a idosa compartilha histórias conversando diretamente com o espectador, enquanto revela uma rotina singular e plural, criada, também, como forma de enfrentar o distanciamento social imposto pela pandemia.
Cinco dias
As gravações foram feitas durante cinco dias e a equipe tomou o cuidado de manter o mínimo de pessoas possível nas gravações com Norma. “Nós gravamos o curta aqui em Pelotas em 2020, depois lançamos no cinema em 2022, numa sessão especial para convidados”, conta a diretora.
A equipe foi formada pela irmã de Natália, Camila e mais duas amigas delas. “Elas se apaixonaram pela ideia e trouxeram habilidades de fora da área do cinema. Eu assumi a direção, a câmera e a edição. A Camila a direção de produção, produção de set e captação de som direto. A Frantieska Schneid é doutora em Memória Social e contribuiu com as entrevistas. A Marina Mimbarcas contribuiu com a vasta experiência em produção de eventos e publicidade”, relembra a diretora.
Na fase de edição do filme, a equipe sentiu que o curta precisava de uma trilha sonora original. Para compor a música foi convidada Nina Mayers. Mesmo à distância, a compositora compreendeu a narrativa do documentário, elogia a diretora.
Lançamento
A exibição do lançamento ocorreu em uma sala do shopping de Pelotas. “Foi uma sessão para convidados da equipe, convidados da produtora e familiares da Norma”, conta. Ao compartilhar o resultado do projeto, com uma plateia tão próxima, Natália conta que o resultado foram muitos aplausos, risos e lágrimas.
A obra foi exibida mais duas vezes no Cine UFPel. Uma para um projeto de extensão da terceira idade da Universidade e outra para adolescentes e estudantes da ONG Eu Que Lute. Em ambos os encontros a equipe de produção foi convidada para conversar com a plateia.
Contar histórias
Natália Cabral é formada no curso de Cinema (UFPel) desde 2009 e a produtora surgiu para que a diretora e roteirista pudesse colocar as ideias em prática. “Durante a faculdade, eu pude aprender sobre as diferentes funções e necessidades de um set de gravação”, conta.
Na área de Cinema, Natália participou da produção de cerca de 45 curtas-metragens e de um longa. “O que me motiva a contar histórias através do audiovisual é conectar as pessoas e também analisar suas reações e percepções durante a exibição do vídeo finalizado”, diz.
Sobre as expectativas em torno da competição, Natália afirma que a seleção para o Festival é um reconhecimento. “Por ser uma exibição on-line, as pessoas poderão assistir. Estamos bem contentes pela curadoria ter escolhido o nosso filme”, comenta a diretora.