Entre o extremo calor da manhã e a extrema chuva da tarde, a terça-feira foi de clima como assunto em todos os cantos de Pelotas. Da sensação de quase 50ºC do dia mais quente do ano, fomos para um anoitecer de caos com vias alagadas, trânsito trancado e pavor com tamanha dificuldade para escoamento. Por óbvio, vieram as cobranças ao poder público e à necessidade de melhorar o sistema. Mas é importante pensar no comportamento da comunidade e, mais uma vez, debater a vida nas cidades em tempos de clima tão desequilibrado.
Em primeiro lugar, é fundamental, claro, que o governo municipal melhore algumas formas de escoamento em vias. Há espaços crônicos que todo cidadão pelotense já decorou. Com mais de 60 milímetros em poucas horas, o sistema, mais uma vez, não aguentou tanta demanda e demorou mais do que deveria para escoar. Só que isso passa muito pelas pessoas. Vamos pegar um exemplo dos vídeos do canal do Pepino, na avenida Bento Gonçalves, por exemplo, que rodaram os celulares.
Por ali, basta circular e ver pilhas e pilhas de sacos de lixo espalhados ao longo das margens do canal. Na noite de ontem, ainda era visível algumas embalagens e caixas boiando enquanto o nível baixava. Isso é totalmente responsabilidade dos cidadãos. Não é possível que canais sigam sendo usados como pontos de descarte em uma cidade com coleta urbana em todo seu território.
Além disso, vivemos em uma época que é preciso repensar a relação das cidades com o meio ambiente. Se quando chove alaga, quando faz calor é escaldante e quando faz frio é de congelar, há algo errado. Nossa estrutura precisa comportar essa mudança e isso passa por ampliação das maneiras de escoar a água, além de um sistema de proteção contra enchentes que funcione. Amanhã Pelotas organiza sua 3ª Conferência Municipal do Meio Ambiente. É urgente que tais pautas sejam levantadas e debatidas para que os problemas de sempre sigam acontecendo. A única resposta é fazer algumas coisas diferentes para mudar o resultado.