A papelaria Raubach, localizada na rua Santa Tecla, em Pelotas, foi arrombada pela sétima vez. A proprietária, Carina Raubach, expressa sua indignação com a falta de segurança e revelou estar considerando fechar o estabelecimento. Neste final de semana, o criminoso entrou pela janela do banheiro, passou pelas salas do setor administrativo e chegou no caixa levando dinheiro e os celulares da loja. Outros dois homens ficaram na rua acompanhando. As câmeras gravaram tudo, mas o alarme não disparou.
Além das falhas no monitoramento, já tratadas com a empresa responsável, Carina cobra providências das autoridades de segurança pública. “A gente paga imposto, paga taxa de prefeitura, e qual a contrapartida?”, questiona.
Comerciantes inseguros e falta de registros oficiais
O caso da papelaria reflete um problema enfrentado por diversos comerciantes do centro de Pelotas. Segundo Renzo Antonioli, presidente do Sindilojas, “a maioria dos empresários já nem comenta mais sobre os arrombamentos porque não tem a quem recorrer”. Ele ressalta que muitos evitam registrar ocorrências por receio de represálias ou descrença na resolução dos casos.
A delegada Walquiria Meder, titular da 1ª DP, confirma que o número de registros não reflete a realidade citada pelos empresários. Ela explica que os arrombamentos são praticados sem violência, e, mesmo quando presos, os criminosos ficam pouco tempo detidos e voltam a cometer os mesmos delitos. O Comandante do 4º BPM, Tenente-coronel Paulo Renato Scherdien, informou que apenas um furto com arrombamento foi oficialmente registrado na rua Santa Tecla neste ano. Em janeiro, foram 14 registros em toda a cidade, e, em fevereiro, oito.
Autoridades prometem reforço
A Secretaria Municipal de Segurança garante que o caso da papelaria será levado à reunião de segurança da cidade. Cintia Aires, representante da pasta, reforçou a importância de registrar boletins de ocorrência. “Nosso policiamento preventivo é baseado em dados. Se os empresários não registram, aquela área parece estar tranquila”, explicou.
Apesar das promessas, Carina segue desacreditada. “Minha primeira decisão é fechar. Eu estou esgotada”, desabafou. Ela reflete sobre o impacto do fechamento do negócio na vida dos funcionários e afirma que fará o possível para os realocar, caso a loja realmente feche. “Mas será que vale a pena continuar vivendo com o coração na mão?”.
Reportagem
Em 3 de janeiro o A Hora do Sul falou sobre a série de arrombamentos no quarteirão formado por Marechal Deodoro, Santos Dumont, Voluntários da Pátria e Major Cícero. Na época, oito empresários da área afirmaram que já haviam sido vitimados por crimes do tipo, entre eles a própria Carina.