A formalização de mais um acordo de cooperação técnica entre o curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Palácio Piratini, sede do Governo do Rio Grande do Sul, vai proporcionar a requalificação de patrimônios artísticos do Estado. Desta vez serão restauradas plantas históricas do próprio Palácio, uma pintura, tecidos e porcelanas.
Essa é a segunda vez que esta parceria acontece, a anterior resultou no restauro da pintura Alegoria, Sentimento e Espírito da Revolução Farroupilha, de Helios Seelinger. Ainda passaram pelas mãos dos restauradores da Universidade de 17 pinturas de cavalete, entregues no ano passado ao Palácio Piratini.
O diretor-executivo de gestão do Complexo Palácio Piratini, Mateus Gomes, explica que serão restauradas plantas históricas do Palácio Piratini, que mostram como o prédio foi estruturado e pensado inicialmente, além de detalhes históricos, a exemplo de projetos que foram modificados. “Tem um projeto de ornamentação do Palácio que não foi executado, seria onde hoje é o Alberto Pasqualini, que na planta original era o salão de banquetes”, conta. Este material foi encaminhado à UFPel há algum tempo e estava à espera da formalização do acordo.
Tela de Antonio Parreiras
Nesta leva também foi contemplado o restauro da tela intitulada Proclamação da República de Piratini, de Antonio Parreiras. A obra foi encomendada pelo então governador, Borges de Medeiros, em 1911.
Esta tela estava em um projeto de ornamentação da sala de banquetes. Uma das plantas mostra que era prevista a colocação da obra em uma das paredes, porém ela nunca foi para esse espaço. Atualmente ela está no 4º Regimento de Polícia Montada, em Porto Alegre.
A ideia é que a obra seja retirada do Regimento em março e restaurada até o início do próximo ano. “É um período bem curto, porque é uma obra imensa, que está bem deteriorada. Vai dar bastante trabalho”, comenta. Após ser devolvida, ela ficará em exposição pública a partir do segundo semestre de 2026.
Ainda no lote estão os tecidos de gobelin que revestem um conjunto de poltronas com douramento. Gomes comenta que no Brasil não se encontra restauradores de têxteis, porém na UFPel esse material vai ser higienizado e recolocado e essas cadeiras não ficarão mais em uso. Ainda estão previstos restauros em porcelanas. Todo o acervo permanecerá no Laboratório Aberto de Conservação e Restauração de Pinturas (Lacorpi), no Campus 2 da UFPel, até o fim dos restauros.
Produção científica
Gomes diz que essa relação do Palácio Piratini com a UFPel se tornou profunda e é muito importante do ponto de vista acadêmico. “A gente encaminha o restauro de muitos objetos do nosso acervo para outras pessoas, mas essa relação com a Universidade é maravilhosa, porque é para além do restauro”, fala ao lembrar que esses projetos resultam em pesquisas, levantamentos históricos e trabalhos de conclusão de cursos.
A expectativa é que a tela de Antonio Parreiras, que é histórica, gere uma produção científica inédita. “Isso só acontece quando a gente faz uma parceria com uma universidade”, diz o diretor. Segundo Gomes, essa parceria já estava acordada, mas à espera da finalização do projeto de restauração das obras vandalizadas em 8 de janeiro de 1923, no Palácio do Planalto, em Brasília, que também foi feita por equipe da UFPel.
Cooperação
Na semana passada, o diretor-executivo, a conservadora-restauradora do Palácio Fernanda Rodrigues (egressa do curso da UFPel) e a historiadora Luciana de Oliveira, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS), foram recepcionados pela professora Andréa Bachettini, coordenadora do Lacorpi, e pela restauradora Keli Cristina Scolari. Também participaram da visita aos laboratórios do curso as professoras Mirella Borba, Karen Velleda Caldas, Silvana Bojanoski e o professor Bruno Noremberg.