Pouco explorada em Pelotas, a piscicultura tem grande potencial de crescimento no âmbito comercial. Atualmente, a prática se tornou importante em diversas propriedades por promover a segurança alimentar, visto que não demanda grande exigência de mão de obra do produtor.
Em Pelotas, são cerca de 300 produtores cadastrados, informa o extensionista da Emater Regional de Pelotas, engenheiro agrônomo Márcio Guedes. “Destes, são menos de 15 que comercializam sua produção com a vizinhança. O número não é expressivo e a comercialização de maior volume ocorre na semana santa”, comenta Guedes.
O município possui um Programa de Piscicultura para desenvolver a criação. Em 2024, 290 produtores participaram com a compra de 52 mil unidades de alevinos, de 11 espécies diferentes. Nos últimos anos, programas federais e estaduais construíram em Pelotas 58 açudes, sendo vários destinados exclusivamente para a piscicultura.
Na avaliação de Guedes, o entrave para o desenvolvimento do cultivo em cativeiro se deve pela região de Pelotas ser rica em água, além de contar com 700 pescadores artesanais. “Também tem a ver que o peixe cultivado na nossa região não ter o mesmo valor do peixe nativo e a oferta de peixes das lagoas, dos arroios e do oceano, é sempre boa”, comenta.
Espaço para crescimento
Considerada uma atividade rentável e que poderia vir a ocupar o período do defeso da pesca dos peixes nativos, também tem como entrave a falta de equipamentos para a construção de viveiros, comenta Guedes. “No viveiro é de mais fácil manejo, no controle, nível da água e em todos os cuidados para a criação. No açude, às vezes com profundidade muito variável e presença de predadores dificulta o manejo”, comenta.
Além da criação de um programa de construção de viveiros, a qualificação técnica tanto de profissionais quanto produtores seria oportuna, diz Guedes. “Já existe uma boa estrutura em termos de feiras livres aqui no município, existe uma tradição do consumo de peixe nessa região, coisa que em outras regiões do estado não existe”, completa.
Tentativa de desenvolvimento
Há cerca de três anos, alguns produtores locais e técnicos da área conseguiram desenvolver a atividade de forma comercial mais intensa. Entretanto, os custos de ração encarecem a produção e desestimulam a continuidade, avalia o produtor Ildemar Muller, da Colônia Santa Maria, sétimo distrito de Pelotas.
“Comecei a criar as carpas e tilápia devido à motivação de um projeto da UFPel e da Emater e porque tenho açude. Mas a maior parte da produção é para consumo ou venda na semana santa”, diz. O produtor tem cultivo de soja, fumo e milho em sua propriedade.
O produtor Jesus Gruppelli, da Colônia Francesa, sétimo distrito, também começou a criação a partir do incentivo do projeto da UFPel e Emater. “Comecei criando cerca de 400 alevinos, mas não achei muito negócio por não ter possibilidade de vender grande quantia”, explica. Atualmente, sua produção é para consumo próprio. Gruppelli trabalha com gado e tem plantação de milho para silagem.