A liberação da captura do camarão, que ocorreu no dia 1º de fevereiro, movimentou pescadores e comerciantes no primeiro fim de semana da safra. Apesar do grande volume de crustáceo encontrado, o tamanho ainda está abaixo do ideal, o que pode atrasar o melhor período da pesca. Além disso, o setor segue em recuperação após as enchentes que afetaram a região em maio do ano passado.
Proprietária da Peixaria da Preta, Marilanda Fonseca destacou que o primeiro fim de semana foi positivo, com grande movimentação de público. Ela afirma que o momento ainda é de organização, mas acredita que dentro de dez dias as coisas melhorem. Segundo Marilanda, a água está com maior salinidade, o que deve favorecer a pesca.
A comerciante ressalta que, após as enchentes que destruíram sua peixaria e prejudicaram muitos estabelecimentos locais, a retomada da pesca traz esperança. “Ontem (domingo) estava cheio de ponta a ponta, voltou a ser o Pontal da Barra que era”, comemorou.
Safra atrasada
Apesar da quantidade promissora de camarão, o pescador Marcelo Rocha alerta que a safra ainda deve demorar um pouco para atingir seu auge. Ele atribui o atraso da captura ao tamanho dos camarões e a falta de vento sul, que não está favorecendo a pesca. “Vai ser uma safra mais atrasada, mas vai ser boa”, explicou.
De acordo com o meteorologista do CPPMet, Henrique Repinaldo, essa dificuldade se deve à baixa frequência de ventos vindos do Sul nesta época do ano, já que eles estão associados à passagem de frentes frias, que ocorrem com mais intensidade apenas a partir de março. No entanto, há previsão de vento Sul entre a tarde de quinta (6) e sexta-feira (7), o que pode favorecer a pesca no Pontal da Barra.
Fiscalização acompanha a captura
A fiscalização da pesca do camarão é realizada pelo Policiamento Ambiental de forma aleatória, conforme informou o 1º Sargento Jerri Fonseca, da Patram Pelotas. Segundo o sargento, a equipe segue as normativas do Ibama, que estabelecem o período de captura e o tamanho mínimo permitido para o camarão, de nove centímetros. Caso a fiscalização encontre camarões abaixo do tamanho permitido, a captura pode ser considerada irregular. “Se o camarão ainda estiver vivo, tentamos devolvê-lo à água. Se já estiver morto, seguimos os procedimentos legais”, afirma.
Perspectiva na tainha
Segundo Rocha, os pescadores estão se dedicando mais à pesca da tainha enquanto aguardam melhores condições. O pescador Orlando Mendes compartilha dessa expectativa. Ele também ressalta as dificuldades que os pescadores enfrentaram nos últimos anos com as enchentes. “Nos prejudicou dois anos seguidos. Perdemos tudo em casa e ainda não conseguimos ajeitar tudo”, diz.
Expectativa
A avaliação dos pescadores é que, com a mudança dos ventos e a maturação dos camarões, a safra melhore nas próximas semanas. Enquanto isso, o setor pesqueiro aguarda a chegada de mais clientes para impulsionar as vendas e recuperar as perdas das últimas enchentes.