Entramos na semana Bra-Pel. Finalmente, a dupla volta a se encontrar em um clássico. Na primeira divisão e com torcida, motivo para celebrar a força da nossa cidade no futebol do interior. O último jogo entre ambos foi no contexto de pandemia, com portas fechadas. Antes, em 2019, houve um encontro exemplar no Bento Freitas: torcida mista, nenhuma ocorrência de violência e uma boa partida no campo. Dessa vez, será a Boca do Lobo a receber este espetáculo civilizatório. No entanto, alguns alertas não podem deixar de ser acesos.
Rede social é uma bolha, mas espanta a repercussão negativa da medida em comentários feitos por torcedores dos dois lados. É apenas um setor, pequeno, dentro do estádio que serve para famílias terem a oportunidade de experienciar o estádio juntas quando há divisão de clubes. Para amigos sentarem lado a lado no concreto e acompanharem o clássico com cores que destoam. Os demais, podem ir para sua área específica. Os clubes têm por obrigação fomentar a civilidade e, mais do que isso, fortalecer o cenário de torcida mista e a paz nesse setor.
Vimos, no sábado, cenas de selvageria em Recife em um contexto também de clássico municipal, entre Santa Cruz e Sport. É uma situação que vem se repetindo mais do que deveria Brasil afora nos últimos anos, e caminhamos para uma epidemia de violência em estádios. Nossa cidade já viveu a dor de ver um dos seus morrendo por conta disso e não podemos aceitar retrocesso.
Pelotas tem a chance de ser exemplar e, através de áureo-cerúleos e rubro-negros, dar um recado ao restante da nossa nação de que ainda é sim possível acompanhar futebol em um ambiente saudável, de corneta, mas festa e relações de respeito. Não queremos o retrocesso de ter torcida única. Não queremos o retrocesso de sentir medo de ir ao estádio torcer para nossos times. E, com a força dos nossos clubes, vamos mostrar que é, sim, possível fazer bonito lado a lado.