Falta de acessibilidade no entorno do INSS causa dificuldade para beneficiários
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Falta de acessibilidade no entorno do INSS causa dificuldade para beneficiários

Sem rampas de acesso e com estrutura danificada, os entornos da Previdência Social são desafio constante à população com mobilidade reduzida

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Atualizado terça-feira,
28 de Janeiro de 2025 às 11:10

Falta de acessibilidade no entorno do INSS causa dificuldade para beneficiários
Rosa utiliza uma scooter para se locomover por Pelotas e aponta que já sofreu acidentes devido à má conservação das calçadas (Foto: João Pedro Goulart)

O tema da acessibilidade é um dos grandes desafios em Pelotas. Situações sem solução efetiva causam transtornos, principalmente às pessoas com deficiência ou de idade avançada da população. O prédio da Previdência Social, por exemplo, é um espaço que recebe diariamente várias pessoas com mobilidade reduzida, mas lida com problemas como a falta de rampas facilitadoras de acesso e lajotas do passeio quebradas.

O que chama a atenção é este ser um local que atende, sobretudo, pessoas idosas e com deficiência, que representam uma parcela significativa dos beneficiários de aposentadorias, pensões e auxílios — como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante assistência financeira a idosos e PCDs em vulnerabilidade. Portanto, julga-se necessário que haja a garantia do acesso universal aos serviços da autarquia.

Rosa Wrague, 59 anos, supera obstáculos diários devido à falta de acessibilidade em Pelotas. Cadeirante, ela utiliza uma scooter elétrica para se locomover. Contudo, as barreiras impostas pela falta de acesso tornam seus afazeres cotidianos atividades de esforço excessivo e estresse. Frequentemente, Rosa vai ao prédio do INSS, na rua Almirante Barroso, mas a ausência de rampas dificulta a chegada. “Isso é cômico, se não fosse trágico. É o local que atende aposentados, idosos e PcDs”, ela comenta.

Buracos também são vilões

Rosa costuma acessar o prédio pela rua Princesa Isabel, mas ressalta que o percurso também é cheio de dificuldades, com lajotas soltas e buracos abertos na calçada. Se tentar ir por outro caminho, dando a volta em toda a quadra, gasta mais energia da cadeira, e pode acabar parando no meio da rua. Ela lembra um episódio marcante: sua cadeira estragou no calçadão da cidade, e a Guarda Municipal precisou acionar a Brigada Militar para levá-la de volta para casa em um camburão, pois não havia outro meio disponível.

Além dessas situações constrangedoras, a cadeira elétrica da mulher já ficou presa e sofreu danos por conta do terreno irregular. “Quando o piso tátil existe, ele termina em postes ou árvores, dificultando ainda mais o deslocamento. O pior é que não vejo ações concretas para mudar essa situação. Já reclamei na Câmara de Vereadores, mas nada foi feito”.

Clamar por solução

O funcionário público Adilson da Silva, também com 59 anos, tem enfrentado dificuldades de saúde que o obrigaram a lidar mais diretamente com a questão da acessibilidade na cidade. Com o auxílio de uma muleta, o homem caminha e passou a observar o espaço público com um novo olhar. Para Adilson, a melhoria na infraestrutura urbana é essencial para todos, independentemente da idade ou condição física, e deve ser uma prioridade.

Adilson reforça que a falta de cuidados com a acessibilidade nas ruas e calçadas é um problema que afeta todos os cidadãos, e que é urgente que o poder público tome ações para resolver a situação, visando um ambiente urbano mais justo para todos. “Isso é algo importante, porque a nossa necessidade física deve ser atendida. A acessibilidade é essencial para qualquer pessoa, não só para quem está em uma situação mais grave”, aponta.

Responsabilidade dos proprietários

O secretário de Mobilidade Urbana, Otávio Peres, destaca que, de acordo com a legislação brasileira, a manutenção das calçadas é responsabilidade dos proprietários dos imóveis.
Diante da situação no INSS, ele afirma que o governo municipal planeja realizar fiscalização no local, com interlocução direta com os proprietários dos imóveis, para garantir que eles atendam às condições mínimas necessárias para a caminhabilidade.

Nas intervenções viárias e de desenho urbano, o governo está integrando a ideia de “desenho total”, que inclui a pavimentação e os investimentos públicos no leito viário e nos sistemas de mobilidade (como ciclovias e ciclofaixas). Em alguns casos, isso também inclui a melhoria e adoção de “calçadas estruturantes” nas áreas atendidas pelas intervenções viárias.

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