Seminário prepara elenco para o filme Vó África: Em busca dos velhos trilhos
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Terça-Feira11 de Fevereiro de 2025

Cinema

Seminário prepara elenco para o filme Vó África: Em busca dos velhos trilhos

Longa, com direção de Nando Ramoz, será gravado em Pelotas, entre os meses de julho e agosto

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Atualizado segunda-feira,
27 de Janeiro de 2025 às 15:30

Seminário prepara elenco para o filme Vó África: Em busca dos velhos trilhos
Equipe conduziu reunião sobre o longa que será gravado em Pelotas. (Foto: Ana Claudia Dias)

Elenco, músicos e produtores do filme Vó África: Em busca dos velhos trilhos, além de convidados, como a vice-prefeita, Daniela Brizolara (PSOL), reuniram-se em Pelotas, local onde será ambientada a produção, para participar de um seminário de apresentação do longa. Durante o encontro, na tarde de sábado, palestrantes abordaram questões sobre a visão, o tom e a estética do projeto, e também referente às intenções narrativas e visuais. As gravações estão programadas para ocorrerem entre julho e agosto deste ano.

No Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas da Alimentação de Pelotas (STICAP), a produtora executiva, Gabi Barenho, da Nação Produtora, conta que tanto ela, quanto o diretor e roteirista Nando Ramoz, têm uma ligação especial com Pelotas: ela por ter passado períodos da juventude por aqui, ele por ter cursado Arquitetura durante um período. Razões que os motivaram a escolher o município para esta produção.

Mas o principal motivo é justamente a temática da obra: apagamento histórico e ancestralidade negra. “Não vimos outro lugar melhor para falar das origens, das referências negras. Sabemos o quanto isso pulsa aqui. Pelotas tem essas simbologias”, fala Gabi.

O filme está sendo viabilizado pelo edital de Produção Audiovisual da Lei Paulo Gustavo. Além de utilizar algumas ruas da região do Porto para as gravações, a produtora também vai utilizar a Casa Oca, em uma parceria com a Universidade Federal de Pelotas.

Uma ex-escrava

Vó África: Em busca dos velhos trilhos, se passa no final dos anos 1960, início da década de 1970, em plena Ditadura Militar. O filme conta a história da morte e da vida de África, nascida no final do século 19, uma escrava liberta, que viveu durante o século 20 e se tornou mãe e avó de muitos, da comunidade escolar onde vivia.

Vítima do apagamento, África é quase um ser invisível até a sua morte, mas, a partir dela, muitas questões surgem. Quem ajuda a contar essa história é a professora Margarida, mãe de mais uma família, Silva. Ela é uma personagem que promete mobilizar, emocionar e causar reflexões.

A atriz pelotense Adriana Rodrigues é quem vai dar vida a Margarida, a protagonista do drama. “Ela é muito parecida comigo, ela não tem mãe, praticamente se virou sozinha, e é professora. Ela se vê na ancestralidade da vó África, ela se vê na força e na ternura da vó África. Apesar de tantas pauladas que levamos, como mulheres pretas, faveladas, a gente ainda tem coisas boas para dar, coisas boas pra falar. A Margarida é um personagem muito profundo. Ela vai surpreender”, antecipa emocionada Adriana.

Um conto há dez anos

A base do roteiro nasceu de um conto de Nando Ramoz chamado A velha e o bonde, escrito há dez anos. Para concorrer ao edital, o diretor encorpou esse texto e o contextualizou durante o regime de exceção. “É um filme complexo e triste, ele não faz concessões, tem três mortes, duas pela ditadura e a outra é da própria vó África, que morre atropelada logo no início”, conta Ramoz. A classificação indicativa é de 12 anos.

Esse é o terceiro filme que Ramoz dirige, o mais recente é o documentário Nação Preta do Sul, que ainda não foi lançado. “Também foi filmado parte aqui, é um longa sobre a importância da cultura negra no Rio Grande do Sul. Aqui a gente entrevistou Kako Xavier, Daniel Amaro, Dilermando de Freitas. Ficou pronto no final do ano passado”, comenta.

Energia limpa

O projeto também tem por objetivo o consumo de energia limpa. Nele estão envolvidas ações sociais de contrapartida para a comunidade pelotense por meio de trabalhos desenvolvidos direto com comunidades periféricas e ações de interesse público, como o restauro da Casa Oca e as instalações de estruturas de mobilidade e acessibilidade.

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