Há mais de uma década Pelotas tem o prazer de receber o Festival Internacional Sesc de Música. Neste período, muitas histórias se cruzam e professores e alunos compartilham conhecimento de música e de vida. Pedro Lucas e Flávio Luiz Rocha são irmãos gêmeos e estão participando pela segunda vez do festival. Nascidos em Boa Vista, Roraima, a vida deles foi tocada pela música a partir dos oito anos de idade, quando receberam o convite na escola onde estudavam para participarem do Instituto Boa Vista de Música. Dali em diante a música tomou conta da vida dos meninos que iniciaram na flauta doce e com 14 anos passaram a tocar violino.
Agora com 20 anos, Pedro e Flávio estudam em Boa Vista com o professor venezuelano Rafael Dommar, que auxiliou na entrada da dupla no mundo dos festivais. Esta é a segunda vez que eles visitam Pelotas, mas também já participaram de vários outros eventos, como o Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) e o Festival Internacional Sesc de Música de Roraima, que está na sua terceira edição.
Das experiências marcantes aqui na cidade eles relembram uma apresentação da edição passada. Na ocasião tocava o grupo de Roraima, que eles faziam parte, e logo após um grupo do Pará. Segundo Pedro, o público gostou tanto que pediram para que os dois grupos tocassem juntos e, mesmo sem ensaio prévio, eles conseguiram tirar de letra. “Foi incrível, eu me senti muito acolhido”.
Os festivais têm um grande impacto na carreira dos músicos. Pedro afirma que o interesse que ele carrega pela luthieria, ou seja, a construção de instrumentos musicais, veio a partir das aulas no último Festival de Roraima. Flávio coloca que a troca com os colegas e professores que participam de cada festival é muito importante e faz refletir sobre o que ainda precisa ser melhorado na própria música.
Transmitir conhecimento

Professor Liviu veio da Romênia pelo segundo ano consecutivo e destaca a organização do evento. (Foto: Bárbara Vencato)
O violinista romeno Liviu Prunaru é um dos professores que compõem o corpo técnico do festival. Ele conquistou os principais prêmios e reconhecimento internacional nos mais prestigiados concursos de violino do mundo. Nos últimos dois anos, a convite do maestro Evandro Matté, ele participa do festival em Pelotas e leciona para os gêmeos e diversos outros violinistas que passam pelas salas do festival.
Para Liviu, participar de festivais como este é uma grande alegria por alguns motivos. O primeiro é poder transmitir todo o conhecimento adquirido ao longo dos anos e, dessa forma, poder acompanhar o progresso de cada aluno. O segundo é poder reencontrar grandes amigos feitos pela música e poder fazer música com eles. Ele afirma que aqui em Pelotas consegue encontrar colegas que estudaram junto com ele na International Menuhin Music Academy. “Poder se reunir aqui para, primeiro, ensinar os jovens estudantes e depois tocar juntos é realmente um luxo”, comenta o professor.
Esta também é a segunda vez de Prunaru em Pelotas. Ele relata que durante a primeira viagem de 26 horas até a cidade, repensou algumas vezes se valia a pena. Porém, quando chegou aqui se apaixonou pelas pessoas, pelo clima e principalmente pelo festival. Ele aponta que plantou algumas sementes na edição passada e quer ver os resultados. “Neste ano, já vi algumas pessoas que vieram no ano passado e fizeram muito progresso. Estou muito orgulhoso!”, diz Liviu.
O professor ainda elogia muito a organização do evento e a receptividade de Pelotas. “Isso é tão sólido e tão bem organizado que eu adoro. É por isso que decidi vir aqui pela segunda vez. Estou feliz de fazer parte da família”.
Aprendizado para a vida
O violinista considera dois aspectos mais importantes na participação de jovens músicos em festivais. A primeira é a oportunidade de presenciar e conversar com pessoas de diferentes lugares do mundo sobre a música e, dessa maneira, entender os mais variados pontos de vista e ter ideias inspiradoras. O segundo aspecto diz respeito à prática. Tocar com pessoas diferentes e imersas nesse mundo, de acordo com Liviu, faz com que o jovem aprenda como tocar em conjunto, se relacionar e se apresentar para grandes públicos.
Programação
Para quem desejar prestigiar os artistas, o professor Liviu Prunaru se apresenta hoje, às 19h, na Bibliotheca Pelotense. Já os irmãos Flávio e Pedro Rocha na apresentação final da Orquestra Acadêmica no Largo do Mercado Central, dia 31 de janeiro, às 20h30min.