Será um duro golpe se o governo federal renovar a concessão da ferrovia Malha Sul para a Rumo Logística. A privatização do trecho, que já dura 26 anos, veio com uma grande trava, que é o uso exclusivo dos trechos pela empresa. É impossível pensar em desenvolvimento regional da Zona Sul, especificamente voltado à logística, sem poder usufruir dos trechos plenamente.
É uma situação que precisa ser revista no próximo contrato – a ferrovia precisa ser concedida, não faz sentido o governo federal administrar ela. No entanto, é necessário variar as opções. Ter mais empresas fazendo o traslado de cargas para o porto de Rio Grande pode ampliar as possibilidades. Fora isso, é fundamental pensar em turismo e o tão sonhado trem que liga Pelotas a Rio Grande depende de uma empresa de transporte humano ferroviário para operá-lo.
Em carta conjunta, Fecomércio, Fiergs e Farsul foram felizes em cobrar uma concessão que modernize a rota ferroviária do Rio Grande do Sul, com capacidade para atender médias e longas distâncias. As entidades ressaltam que o contrato com a Rumo andou em conjunto com um sucateamento da malha. Por isso, mesmo que a empresa continue, é fundamental que se pense em um plano que envolva investimentos, tal qual cobra-se das rodovias quando concedidas.
Um outro ponto essencial é a questão ambiental. O Rio Grande do Sul é o Estado mais rodoviário do Brasil. É preciso um plano para nos tornarmos menos dependentes do combustível fóssil e das estradas. Vimos o problema que foi durante as enchentes, quando nos tornamos reféns de poucas vias e corremos o risco de, por exemplo, ver o porto parar. Para isso, é preciso variar os modais, com estímulo e estruturação.
A concessão da Malha Sul para 2025 é um dos pontos fundamentais para o Estado evoluir em diversos pontos. Não é possível aceitar tal posição do governo federal sem lutar contra. Que seja feita uma nova concessão, com licitação amplamente estruturada dentro das necessidades que os gaúchos têm.