Quem governa?
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira26 de Dezembro de 2024

Editorial

Quem governa?

Quem governa?
Prefeitura de Pelotas terá 27 secretarias no governo de Fernando Marroni (Foto: Jô Folha)

Vinte e sete secretarias e cargos similares é um número exorbitante para governar uma cidade. Embora o governo eleito liderado por Fernando Marroni (PT) negue que a transformação de assessorias especiais em secretarias e o desmembramento de pastas vão acarretar em mais gastos, é óbvio que vai. Todas essas funções requerem uma estrutura por trás do secretário, como assessores e técnicos. A conta não fecha e é por isso que o prefeito fala, mas não mostra números.

Esse “engorde” passa por uma situação que Paula Mascarenhas (PSDB) também passou nos últimos anos: a criação de cargos em troca de apoio político. O governo do Estado também passa por isso e o federal, então, nem se fala. Para cada crise, um ministério a ser entregue em troca de apoio. Isso faz parte de um buraco sem fim, em que o Executivo precisa governar basicamente para conseguir o amém do Legislativo, sob pena de ver sua pauta travada.

É o que acontece agora, por exemplo. Não basta Pelotas estar com o cinto fiscal apertado ao máximo, inclusive precisando mais uma vez recorrer a empréstimo para pagar os servidores. A Câmara faz a gestão de refém há semanas, trancando pautas relevantes e só votando sob pressão, como foi o caso justamente dos salários. Pelo governo não ter realizado o desejo da presidência de receber mais repasses, imediatamente o governo foi amarrado.

E é sempre bom lembrar que o governo Paula passa por essa situação mesmo tendo a maioria absoluta da base de apoio na Câmara. Marroni, que elegeu meia dúzia de aliados, vai passar ainda mais trabalho para causar esse alinhamento. Não é surpreendente ver ele desde já tentando criar uma relação positiva com alguns partidos para tentar ter governabilidade. Ainda assim, a presidência será, ao que tudo indica, do bloco de oposição. Ou seja, mais negociações virão pela frente.

Diante do cenário atual, é visível que cargos executivos tornam-se cada vez menos executores. Parte majoritária da atuação passa por agradar outro poder para tentar viabilizar minimamente as pautas propostas. O poder do Legislativo hoje é muito superior ao dos prefeitos e esse desequilíbrio custa caro para o bolso do cidadão.

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