No encerramento das atividades do ano, a Pless Escola de Ballet apresenta pela primeira vez La source (A fonte) quinta-feira (19) às 21h, no Theatro Guarany. A obra, em três atos, tem como protagonistas os bailarinos Marcela Blois (Naïla), Diego Chame (Djémil e Khan de Gheidjib), Bruna Azambuja (Noureda), Jean Coll (Zaël), Ezequiel Caruccio (Mozdock), Jennifer Botelho (Dadjé). Convidada especial, a mestra Antonia Caringi fará a apresentação do espetáculo.
Os bailarinos e diretores da Pless Diego Chame e Jean Coll desconhecem uma montagem integral deste balé do século 19 em Pelotas. “Nas décadas de 80 e 90, ninguém tinha acesso à obra integral, como tudo no balé, independentemente da companhia, tu fazias remontagens de memórias, de pessoas que viajavam e viam os espetáculos em outros lugares. Hoje a gente tem condições de fazer um trabalho mais fiel possível”, fala Coll.
La source é um espetáculo difícil de ser montado, comenta Jean Coll, e, apesar de ter momentos lúdicos, é bastante dramático. “O final é triste, mas é muito lindo. A atitude da Naïla, que é a personagem principal, nos fala sobre aquilo que a gente está disposto a largar em favor do outro, em conceções que a gente tem que fazer na vida para um bem maior”, fala o bailarino.
Na história, um caçador chamado Djémil se apaixona por Nouredda, noiva do Grande Khan. Ao mesmo tempo, ele conhece Naïla, uma ninfa. Por amor a Djémil, Naïle vai ajudá-lo a concretizar este romance, mesmo que isto lhe custe a própria vida.
Magia e drama
A paixão por este balé e a vontade de remontar a história surgiu depois que eles assistiram por vídeo ao espetáculo montado pela Opéra National de Paris. A produção parisiense, de 2011, teve os figurinos de Christian Lacroix, alguns deles, como o da personagem Nouredda, foram reproduzidos por uma equipe de bailarinas adultas da companhia pelotense. “O nosso está bem fiel”, antecipa Coll.
Apesar da densidade das cenas finais, o balé leva ao palco uma aura de mágica, com um núcleo das ninfas, dos elfos e das fadinhas. Diego Chame também destaca os dramas sociais retratados na obra, especialmente no que toca às mulheres. “Porque isso representa uma época, em que as mulheres não podiam levantar o olhar para os homens, a própria Nouredda, por minimamente mostrar o rosto antes do casamento, ela perderia a pureza”, conta. Para interpretarem melhor uma realidade social muito diferente, o elenco participou de oficinas de teatro.
Desafios do novo
Para o intérprete de Djémil, a maior dificuldade do espetáculo está na estética de movimentos, que mistura o clássico com o folclórico. “Tem um desafio para todos de movimento, porque as conexões entre os passos não são as normalmente conhecidas, existem particularidades cênicas muito interessantes, mas todo mundo abraçou o desafio pelo conhecimento”, fala Chame.
Algumas partes da coreografia foram adaptadas para a realidade da escola, mas sem perder o estilo e as características das cenas. “Estamos bem satisfeitos com o resultado final. Acho que conseguimos colocar La Source de pé de uma forma bonita”, diz Diego Chame.
A busca por uma montagem inédita também é uma forma de pensar no público, comenta Chame. “Que tenha algo diferente para ver, mesmo que seja alguém apaixonado por balé ou alguém que nunca viu, que seja surpreendente para ambos”, diz.
Prestigie
O quê: balé La source, da Pless Escola de Ballet
Quando: quinta-feira (19), às 21h
Onde: Theatro Guarany, rua Lobo da Costa, 849
Ingressos na bilheteria do Theatro