Em breve, o preço do quilo do café tradicional e extraforte deve ser de cerca de R$ 54,00, com o aumento de 15% previsto para a segunda quinzena de dezembro, conforme a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Com o salto no valor da matéria-prima provocado pelo impacto das condições climáticas nas lavouras dos principais produtores do mundo, a previsão é de que o custo do amado cafezinho tenha a segunda elevação consecutiva em janeiro. A entidade estima que o reajuste no início de 2025 fique entre 10% e 15%.
Entre os tipos de café, que é líder em consumo pelos brasileiros, o tradicional e o extraforte foram os que apresentaram a maior alta de preços neste ano. Conforme o levantamento mais recente da Abic, a elevação foi de 36,3% em outubro ante o mesmo período do ano passado. Com isso, o quilo teve R$ 13,67 de acréscimo.
Na terça-feira, a cotação da saca de 60 quilos do café arábica teve uma alta de 1,05%, alcançando R$ 2.178,34. No acumulado do mês o aumento foi de 3,8%. Em comparação com dezembro do ano passado, quando a saca custava em média R$ 999,29, o incremento foi de cerca de 118%. “Como já sabemos, o custo da matéria-prima para a indústria de torrefação significa 65% a 70%. Portanto, qualquer aumento que haja na matéria-prima vai implicar diretamente na planilha de custos da indústria”, diz o diretor executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva.
Em Pelotas
De acordo com dados do Procon Pelotas, o preço do café moído aumentou 45,3% em comparação a dezembro de 2023. Com isso o valor médio de 500 gramas saltou de R$ 14,47 para R$ 21,03. Já no tipo solúvel, o impacto foi de 57,24%. O consumidor que compra o pacote de 200 gramas se deparou com o aumento de R$ 4,65 para R$ 7,32.
Na cafeteria
A proprietária de uma das cafeterias mais movimentadas do Centro de Pelotas conta que há pouco dias, ao repor o estoque, foi surpreendida pela elevação dos preços pelo fornecedor. Ainda assim, ela pretende segurar o reajuste no valor final ao consumidor pelo menos até o início de 2025. “A gente trabalha com a ideia de manter um bom custo-benefício porque o nosso público é muito de estudantes, mas está bem difícil. Neste ano foram muitas sequências de subas”, relata Etienne de Oliveira.
Sem previsão de diminuição dos preços
Em outros anos o reajuste era repassado gradualmente ao consumidor final porque a indústria tinha capacidade de fazer estoques em momentos de baixa do valor da saca, o que em 2024 não tem sido possível devido à elevação constante dos preços do grão. “Então, isso tudo está fazendo com que a indústria fique fragilizada diante desse novo cenário. Ela compra e, se consegue comprar, é o preço que foi estabelecido”, explica o diretor executivo da Abic.
O diretor da Abic destaca que nos últimos dez dias o varejo já repassou às prateleiras um acréscimo de 5% a 7%. “Esse aumento tende a continuar. Nós não entendemos que exista qualquer possibilidade, pelo menos, até fevereiro ou março, deste preço arrefecer, e a indústria terá a missão de repassar isso junto ao varejo”.
Motivos para elevação de preços
As condições climáticas foram o principal fator para as constantes elevações do café. No Brasil, maior produtor do mundo, as secas afetaram consideravelmente as lavouras. Com a menor disponibilidade do grão no mercado pela redução das produções, o resultado é o aumento do preço da saca. “O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, então a demanda é muito estável”, explica o professor de economia da UFPel, Marcelo Passos.
Para o professor, mesmo diante da elevação de preços a demanda tende a ser mantida e a alternativa encontrada por parte dos consumidores deverá ser a compra de marcas mais baratas. “Segundo os produtores e principais compradores de café, os preços vão continuar altos até 2026 por causa das secas”, ressalta.
Variação do preço do café em Pelotas
Dezembro de 2023
Café moído 500g:R$ 14,47
Café solúvel 200g:R$ 4,65
Dezembro de 2024
Café moído 500g:R$ 21,03
Café solúvel 200g:R$ 7,32
Variação em 1 ano
Dezembro (2023 – 2024)
Café moído 500g: 45,34%
Café solúvel 200g: 57,42%