A prefeitura de Pelotas apresentou, nesta terça-feira (17), os resultados da Pesquisa de Vitimização do Pacto Pelotas Pela Paz. A divulgação ocorreu em coletiva de imprensa, e contou com a presença da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), da socióloga Elis Radmann, do Instituto Pesquisa de Opinião (IPO), e integrantes do GGI-M. O IPO é a empresa que fez a mesma pesquisa de dados em 2017, o que possibilitou comparações entre o cenário atual e o de sete anos atrás.
Entre os dias 5 e 9 de dezembro de 2024, foi realizada a pesquisa quantitativa censitária com 400 entrevistas presenciais. A amostra foi representativa da população local, com intervalo de confiança de 95%. Para análise, algumas regiões foram agrupadas, seguindo as Áreas Administrativas definidas. A pesquisa abordou seis temas principais: sensação de segurança, vitimização, percepção sobre a Brigada Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal e uma análise comparativa das forças policiais.
Em 2017, no ano da constituição do Programa Pacto pela Paz, 60,2% dos pelotenses consideravam Pelotas uma cidade bastante violenta. Atualmente, apenas 11,8% têm essa percepção. Em 2024, seis de cada dez pelotenses avaliam que a cidade é pouco ou nada violenta. Os bairros com maior porcentagem de pessoas que consideram a cidade bastante violenta são o Centro (16,7%) e o Fragata (15,4%).
Para Elis Radmann este é um grande feito. “A mudança de paradigma mostra que existem caminhos. Não foram resolvidos todos os problemas, alguns indicadores de criminalidade seguem similares, mas houve um controle dos crimes tradicionais. Agora, existe um avanço dos crimes virtuais e os ligados à discriminação por cor e às mulheres. Mas isso tem a ver com o aumento da consciência social”, analisa a socióloga.
Atuação da prefeitura
A pesquisa aponta que quase sete de cada dez pelotenses acreditam que a prefeitura de Pelotas está atuando para melhorar a segurança pública na cidade, mesmo que em parte. O indicador por bairros é similar, com maior criticidade no bairro São Gonçalo. Os dados revelaram que os bairros Areal e Laranjal reclamam muito do ponto de vista da zeladoria, mas a pauta de segurança é bem avaliada.
Relatos de Vitimização
Para projetar a quantidade de cidadãos afetados por cada tipo de crime, foi realizado um cálculo de estimativa com base no universo de 247.590 pessoas a partir de 16 anos residentes no município, conforme dados do TSE. As estimativas são referentes a ter tido a experiência nos últimos 12 meses e, ainda, para os casos de registro de Boletim de Ocorrência na delegacia ou na internet.
Estimativas de Ocorrência e Subnotificação
- Furto e Roubo: Houve redução na ocorrência de furtos e roubos de objetos de valor entre 2017 e 2024. Apesar disso, os registros policiais desses crimes aumentaram. Por outro lado, o furto de veículos automotores apresentou aumento, com queda na notificação policial.
- Golpes e Fraudes: A ocorrência de golpes e fraudes, especialmente pela internet e em cartões de crédito, cresceu significativamente. Contudo, a taxa de notificação ainda é baixa, com menos de um terço dos casos sendo registrados.
- Ameaças: Tanto a ameaça de agressão física quanto de morte tiveram uma redução em sua ocorrência, mas a taxa de notificação policial caiu levemente.
- Discriminação e Assédio: A discriminação, especialmente por raça e orientação sexual, apresentou aumento, alinhando-se com a tendência nacional. Os casos de violência sexual também tiveram um aumento, mas as notificações continuam limitadas.
Crimes Contra as Mulheres
Os crimes de violência doméstica têm a maior taxa de notificação (80%). Comentários de intenção sexual e assédio possuem uma alta subnotificação, com grande parte das vítimas não registrando os casos.
Impactos da atualidade
A socióloga destaca que atualmente é um período de muita crítica às forças policiais, principalmente em São Paulo, o que impacta nos indicadores de opinião pública. “Ter mantido os indicadores da Brigada Militar é bom. Nós temos também o empoderamento do cidadão. O mesmo cidadão que aumenta a consciência para reivindicar os seus direitos, vai ser mais crítico aos políticos, forças policiais e instituições. Manter o número de quase oito anos atrás é positivo”, avalia.