Mais do que nunca, é preciso falar sobre HIV/Aids
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira14 de Janeiro de 2025

Corpo e Mente

Mais do que nunca, é preciso falar sobre HIV/Aids

O Rio Grande do Sul segue com uma elevada taxa de detecção, 24 casos a cada 100 mil habitantes; Média nacional é de 17 casos para 100 mil habitantes

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Mais do que nunca, é preciso falar sobre HIV/Aids
Melhor técnica de prevenção é a combinação de diversas abordagens de cuidados (Foto: Secretaria Estadual da Saúde)

Mesmo após mais de 40 anos da epidemia global da Aids (sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) que chocou o mundo, segue sendo extremamente importante falar sobre formas de prevenção do vírus. Atualmente, no Rio Grande do Sul a taxa de detecção é de 24 casos a cada 100 mil habitantes; a média nacional é de 17 casos a cada 100 mil habitantes.

Os dados do boletim epidemiológico de 2023 indicam que houve uma redução de 45,2% entre os anos de 2012 e 2022 na taxa de detecção de Aids no Rio Grande do Sul. Apesar disso, o Estado ainda tem uma taxa superior à do Brasil e a sexta mais elevada entre os estados brasileiros.

Líder do ranking dos 100 municípios com mais de 100 mil habitantes do Índice Composto durante os primeiros quatro anos de criação da ferramenta do Ministério da Saúde, o município de Rio Grande, atualmente, possui taxa de detecção de 42 casos a cada 100 mil habitantes e hoje encontra-se na vigésima quinta posição.

De acordo com a professora da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e chefe da Unidade de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. (HU-Furg), a médica Rossana Basso, Rio Grande vem caindo no ranking, mas ainda é cedo para comemorar.

“Saímos das dez primeiras posições, mas não podemos comemorar porque, na verdade, os nossos números, exceto pela transmissão vertical, que nós não tivemos nenhuma transmissão vertical nos últimos três anos, não modificaram”, pontua.

A médica destaca que o município segue com uma elevada taxa de detecção para o HIV, com uma elevada taxa de mortalidade e o diagnóstico ainda é feito tardiamente. “Na verdade, os outros municípios pioraram porque os nossos números não se modificaram muito, exceto pela transmissão vertical nos últimos seis anos”, diz.

No mesmo ranking do Índice Composto, Pelotas ocupa a trigésima quarta posição, com taxa de detecção de 29 casos a cada 100 mil habitantes. Os demais municípios gaúchos listados no ranking são Canoas e Porto Alegre (1º e 2º colocados), Alvorada, São Leopoldo, Santa Cruz do Sul e Sapucaia do Sul.

O Índice Composto analisa a taxa de detecção, a taxa de mortalidade, a taxa de transmissão vertical, que é a infecção que é passada de mãe para filho no parto ou durante a gestação, e as defesas do organismo.

Uso de camisinha é a principal forma de combater a infecção através da relação sexual. (Foto: Jô Folha)

O que é a Aids?

A AIDS é a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida e é causada pela infecção do Vírus HIV. Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. “É quando o paciente apresenta sintomas e quando tem o CD4, que é um marcador das defesas, muito baixo”, explica Rossana.

O vírus se multiplica no interior das células de defesa, chamadas CD4, um tipo de linfócito com glóbulo branco. E, desta forma, ao se multiplicar, ele destrói essas células e assim o organismo fica predisposto a ter infecções e alguns tipos de câncer.

Formas de transmissão

A transmissão do HIV e, por consequência da Aids, acontece das seguintes formas:

• Sexo vaginal sem camisinha;
• Sexo anal sem camisinha;
• Sexo oral sem camisinha;
• Uso de seringa por mais de uma pessoa;
• Transfusão de sangue contaminado;
• Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
• Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

Sintomas

Quanto os sintomas, a infecção pelo HIV possui três estágios:

É o estágio da infecção aguda, da contaminação e até as primeiras três semanas, o paciente pode sentir como se estivesse gripado, com febre, com ínguas no corpo, que são os gânglios, com dor de garganta, com prostração, cansaço. Durante duas a três semanas os sintomas desaparecem.

É o estágio de latência, em que o paciente não tem sintomas. Pode vir a ter, assim, dor de garganta de repetição, sinusite de repetição e que costumam passar despercebidos.

É o estágio de AIDS, quando não se tem diagnóstico e o paciente começa a desenvolver infecções mais graves, comuns em pacientes com defesas baixas.

Terapia antirretroviral

O paciente que vive com HIV e usa a terapia antirretroviral (TARV) tem uma vida normal. “É necessário fazer o acompanhamento, pelo menos duas vezes ao ano, e tem uma expectativa de vida que é igual ao restante da população, porque é um paciente que é visto com frequência”, explica Rossana.

Além do tratamento para o HIV, o paciente também trata outras comorbidades não infecciosas, como hipertensão e diabetes.A terapia antirretroviral surgiu na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo e evitar o enfraquecimento do sistema imunológico.

Terapia antirretroviral ajuda na prevenção do enfraquecimento do sistema imunológico. (Foto: Agência Brasil)

O uso regular dos medicamentos são fundamentais para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os TARV a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento.

Prevenção

Conforme a professora Rossana, a melhor técnica para evitar o HIV/Aids é a prevenção combinada, que consiste no uso simultâneo de diferentes abordagens de prevenção. Dentre elas estão intervenções biomédicas, ações voltadas à redução do risco de exposição, como uso de preservativos masculinos e femininos e de gel lubrificante; e intervenções baseadas no uso de antirretrovirais (TARV), Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).

Uma forma de prevenção é a profilaxia pós-exposição. “A pessoa tem até 72 horas para procurar um atendimento, uma unidade básica de saúde para ser testado. Vindo as testagens negativas, é usada medicação por 28 dias, essa é uma forma de prevenir o HIV também”, diz Rossana.

Outra, é a profilaxia pré-exposição, que é usar a medicação antes da exposição. “Então para pessoas com mais de 15 anos, com mais de 35 quilos, que tenham relações sexuais desprotegidas, pode-se lançar mão da profilaxia pré-exposição, que é o uso da medicação antes de se expor. Essa forma é fantástica. Por exemplo, o estado de São Paulo reduziu em 54% as novas infecções pelo HIV”, completa.

Ainda, é possível prevenir novas infecções através de vacinas como o HPV, visto que o vírus facilita a entrada do HIV no organismo. A vacina para HPV é disponibilizada para todos os adolescentes e jovens dos nove aos 18 anos e para as pessoas que vivem com HIV dos nove até os 45 anos de idade.

As intervenções comportamentais são ações que contribuem para o aumento da informação e da percepção do risco de exposição ao HIV e para sua consequente redução, mediante incentivos a mudanças de comportamento da pessoa e da comunidade ou grupo social em que ela está inserida.

Já as intervenções estruturais são iniciativas voltadas aos fatores e condições socioculturais que influenciam diretamente a vulnerabilidade de indivíduos ou grupos sociais específicos ao HIV, envolvendo preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma de alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana.

Mitos e tabus 

A pessoa Não se infecta por HIV das seguintes maneiras:

• Sexo, desde que se use corretamente a camisinha;
• Masturbação a dois;
• Beijo no rosto ou na boca;
• Suor e lágrimas;
• Picada de inseto;
• Aperto de mão ou abraço;
• Sabonete / toalha / lençóis;
• Talheres/copos;
• Assento de ônibus;
• Piscina;
• Banheiro;
• Pelo ar.

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