“Temos que conciliar o que é possível e buscar convergência”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira27 de Dezembro de 2024

Entrevista

“Temos que conciliar o que é possível e buscar convergência”

Na metade de seu segundo mandato, Daniel Trzeciak (PSDB) faz balanço de atuação no Congresso e comenta momento político

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“Temos que conciliar o que é possível e buscar convergência”
Deputado federal visitou a sede do A Hora do Sul na sexta-feira (13) (Foto: Barbara Vencato)

Completando a primeira metade de seu segundo mandato como deputado federal, Daniel Trzeciak (PSDB) faz um balanço de sua atuação como parlamentar.

Como remobilizar o PSDB após a eleição?

O pessoal acha que com o segundo turno das eleições municipais em Pelotas, onde me posicionei de um lado e o governador e a prefeita de outro, que isso tinha causado algum ruído ou desconforto, não da minha parte nem dos dois. Almoçamos juntos no Palácio Piratini e a relação é muito boa, de sintonia.

Temos que reorganizar o partido não só em Pelotas, mas no Brasil. Se for olhar São Paulo, o candidato do PSDB não fez nem 2% dos votos e não elegeu nenhum vereador. O PSDB a nível nacional tem que se reconectar, tem que encontrar sua identidade. Um partido tem que ter uma essência, saber de onde veio e para onde quer ir.

Como avalia o surgimento de uma figura como o Marciano Perondi (PL)?

Ele conseguiu buscar uma proximidade com a população que muitas vezes quem está há 20, 30, 40 anos, perdeu. Ele conseguiu falar a linguagem que a população queria ouvir, e isso é o que levou ele pro segundo turno e quase venceu as eleições.

Não é mais do mesmo, é uma pessoa diferente, e que isso possa estimular para que a gente possa trazer outras pessoas para participar da política.

Agora, na metade do segundo mandato, qual a avaliação?

Meu mandato se transformou. Tem pautas que sigo desde o primeiro dia: obras de infraestrutura, um ambiente favorável de negócios para a Metade Sul do Estado, a redução da tarifa do pedágio. A gente agrega novas pautas por entender que é importante dar pluralidade.

Fizemos um relatório de todos os recursos que foram aplicados em Pelotas, que é a cidade que me elegeu, praticamente 60% dos votos que tive são daqui, para que o pelotense veja o que aconteceu e a diferença que é ter um deputado federal da nossa cidade.

A cidade ficou 16 anos sem ter um deputado federal. Pagamos um preço alto de não ter esses recursos vindos para Pelotas, para requalificar a rua, para os hospitais, para fazer uma festa de réveillon, para requalificar a estrada das charqueadas e mais de 55 ruas na cidade, para fazer uma pista de skate. Enviamos aproximadamente R$ 100 milhões em emendas.

Como será a relação com o prefeito Marroni?

Nos encontramos em alguns eventos muito rapidamente, liguei pra ele no dia do resultado da eleição. Assim como o Marroni foi eleito prefeito de Pelotas, fui eleito deputado federal, então temos que conciliar o que é possível e buscar convergência.

Temos inúmeras divergências, serei fiscalizador do que foi prometido pelo bem da cidade, e paralelo a isso quero poder colaborar para que o que foi apresentado em campanha eleitoral eu possa ajudar, seja com articulação política em Brasília, seja com os recursos de emendas parlamentares.

Quero ver duas novas UPAs, viaduto, duplicação da Fenadoce até o Fragata, tudo é isso é bom se acontecer. O prefeito tem a prerrogativa de escolher seus secretários.

Tem muita gente criticando, sou muito responsável e coerente: deem chance para os secretários que nem assumiram ainda trabalharem, depois passados quatro, cinco meses, apontem as críticas, mas o prefeito escolhe seus secretários.

Como potencializar a integração da região?

Entendendo que a eleição acabou e que no outro dia tem que estar todo mundo trabalhando. Quem vai buscar um atendimento na Santa Casa ou passa pelos pedágios mais caros do Brasil não é questionado se votou no Daniel, no Marroni, na Paula.

Acho que temos que dar um pouco mais de liga para que a gente tenha mais objetividade nas pautas, e quando tem muitas prioridades, principalmente em infraestrutura, que é o nosso gargalo, a gente acaba não sabendo em qual focar primeiro.

A BR-116 foi prioridade e os primeiros quilômetros foram entregues em 2019. Na minha avaliação, a gente tem que concluir a BR-116, que ainda faltam 20%, e paralelo a isso discutir a redução da tarifa de pedágio. Esse preço sufoca o nosso desenvolvimento. Minha posição é muito clara: sem renovação com a Ecosul e uma tarifa que seja reduzida drasticamente.

Há tempo hábil para a nova concessão do polo rodoviário?

Toda semana estou na ANTT. Tem um cronograma a ser seguido e o estudo de viabilidade e técnico tem que ser apresentado o quanto antes para que sejam feitas as audiências públicas e tem que ter 120 dias no mínimo para que a nova empresa possa assumir em março de 2026 para que não fique um hiato sem nenhuma concessionária.

A ANTT tem garantido que vai honrar esses prazos e que vai dar certo. Entre ficar mais um ano ou dois anos a Ecosul administrando, eu prefiro que o DNIT assuma.

Como vê o cenário político para 2026? Há um trabalho de bastidor nos partidos para concentrar candidaturas?

Tem que se trabalhar quais são os partidos que têm inserção na cidade e que ideologicamente conseguem conversar para buscar esse entendimento. Outra frente é mostrar pra população para votar em candidatos daqui. Acho que até 2026 teremos mudanças políticas no país, não cabe mais ter 35 partidos políticos.

Precisamos entender que o partido político diz muito sobre o que a pessoa acredita, por mais que a gente possa ter divergência. Tenho muitas com o PSDB, mas me contemplo no seu conteúdo programático.

Não se vê saindo do PSDB?

Depende do futuro do PSDB, me sinto bem hoje no partido. O PSDB diminuiu nacionalmente, mas no Rio Grande do Sul é uma referência. Temos 309 vereadores, 35 prefeitos, administramos cidades importantes como Caxias do Sul, Santa Maria, Viamão, e tem o governador do Estado.

 

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