É duro ver a situação que aflige o Clube Comercial em Pelotas. Um dos prédios mais imponentes e impressionantes de um período de ouro do século 20 hoje é um amontoado de tijolos que traz problema à população do entorno e transmite uma mensagem de um abandono sem perspectiva de solução. Mais do que tudo, é um lembrete de uma derrocada que aflige parte significativa dos grandes prédios da história da cidade. Até quando o município vai permitir que tamanha riqueza vire problema?
Se por um lado o cenário começa a reverter, com as obras avançando no Grande Hotel e no Prédio das Finanças, no entorno da praça Coronel Pedro Osório, basta caminhar pela Anchieta em direção à Bento Gonçalves e duas quadras depois já se encontra o trambolho que virou o Comercial. Vidros quebrados, portas arrombadas, lixo visível pelas frestas e, agora, com pedaços de concreto caindo da fachada e colocando em risco a própria população da cidade.
Envergonha ver que o prédio chegou a essa situação. Há poucos meses o A Hora do Sul presenciou o furto de uma placa histórica que remetia à visita do presidente Costa e Silva ao local, sendo vendida por R$ 5 na calçada em frente. Esse é o tanto que um espaço histórico-cultural está abandonado. Por mais que a direção fale em perspectivas de mudanças, quantas décadas já faz que a situação está assim? Qual a perspectiva de melhoria? Nenhuma.
Por isso, é hora de uma intervenção a fundo na situação. O Ministério Público precisa agir. O poder público deve ser cobrado a ajudar com solução. A própria Universidade Federal de Pelotas e empresas locais podem entrar como parceiros em uma futura reforma. O que não é mais aceitável é ver o prédio ruindo aos poucos, nada sendo feito e as pessoas que circulam no entorno correndo riscos. Se continuar o ritmo atual, um prédio que ocupa meio quarteirão vai ruir e não vai demorar muito para isso. E aí, o que vai acontecer? Quem vai levar a culpa? Por isso, a hora de agir é agora. Se não, qualquer lágrima posterior será de crocodilo.