Há 110 anos
A retirada dos bondes com tração animal para serem substituídos por transportes coletivos elétricos causava desconfiança e temor, insuflado por disse me disse, na comunidade pelotense em 1914. Mas o descontentamento chegou ao extremo quando a companhia Ferro Carril e Caes de Pelotas suspendeu o tráfego dos carros sem aviso prévio. O incidente foi o estopim para uma série de atos bárbaros que sacudiram a rotina dos pelotenses.
Revoltados, populares, na noite de 14 de dezembro, protestaram com violência causando pânico nas ruas da cidade. À tarde, corriam de mão em mão folhetos impressos convocando para o “enterro” solene da Ferro Carril, porém as autoridades não contavam que, a suposta brincadeira, tornaria-se um protesto enraivecido.
A massa começou a se reunir por volta das 21h, na praça da República, atual Coronel Pedro Osório. Em procissão as pessoas começaram a percorrer algumas ruas, fazendo o tal “enterro” da empresa. Cerca de duas horas depois a massa começou a se dividir em grupos, que iam em direções diferentes. O 4º Posto foi avisado de que cerca de três mil pessoas se dirigiam à estação de bondes, na praça da Constituição.
O alferes Raul Lima e um destacamento foram ao encontro do grupo na tentativa de impedir que se aproximasse dos veículos estacionados. No local houve troca de tiros e quando Lima chegou na estação os insurgentes tinham tomado seis bondes e os estavam levando para o centro da cidade.
Alguns desses veículos foram queimados ou destruídos. O tenente Francisco Vernetti, juntamente com comissários e auxiliares de outros postos, tentavam dispersar um grupo outro voltava para a praça dos bondes para retirarem mais veículos.
Saldo do quebra-quebra
Quatro bondes foram jogados no arroio Santa Bárbara, enquanto as mulas que puxavam os carros foram soltas. Nem a sede da companhia ficou ilesa, os manifestantes quebraram vidros e atiraram pedras para o interior do prédio. O menino Leopoldo dos Santos Broquá, de 13 anos, foi atingido pelas rodas de um bonde arrastado pela multidão selvagem. O menor foi levado à Santa Casa com vida. No amanhecer, o intendente (prefeito), Cypriano Barcellos, determinou que o caminhão municipal arrecadasse todos os destroços dos bondes espalhados, desobstruindo as ruas.
Um dia depois, um novo grupo de populares tentou chegar novamente à estação de bondes, porém dessa vez encontrou o tenente Vernetti e outros agentes de segurança, prontos para o combate. Os policiais efetuaram prisões desta vez. Os cafés Java e Correia, que abrigavam dois grupos de manifestantes, foram fechados e o público dispersado. A paz voltou à cidade, cerca de 48 horas depois destes eventos.
Inauguração
Em 20 de outubro de 1915, foi inaugurado o transporte via bondes elétricos da empresa concessionária Light and Power. A cerimônia ocorreu na, então, praça da República, em frente à prefeitura.
Para saber
A praça da Constituição se localizava no espaço que o Pop Center ocupa atualmente. Abaixo da ponte, que liga a Marechal Floriano à praça 20 de Setembro, eram estacionados, anteriormente, carretas que traziam mantimentos para o centro urbano de Pelotas. Por um período curto, ali era cobrado um pedágio para a travessia da ponte.
Fontes: Nossa cidade era assim de Heloísa Assumpção Nascimento, jornais Diário Popular e A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 50 anos
Alcântara visita a Câmara e aborda problemas da cidade
O prefeito Ary Alcântara visitou a Câmara Municipal para conversar com vereadores das bancadas da Arena e do MDB em reunião realizada na sala da presidência da “Casa”. Alcântara apresentou agradecimentos pela compreensão tida para com a prefeitura.
“Muitas divergências surgiram , como é natural, mas a boa vontade prevaleceu”, disse o prefeito. A conversa ainda passou por pautas como o distrito industrial, a nova estação de tratamento de água do SAAE, o plano de reclassificação dos funcionários e a educação.
O prefeito ainda fez detalhada exposição sobre as realizações do Executivo em 1974.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 100 anos
Companhia de Alves da Cunha faz sucesso no Sete de Abril
Os artistas portugueses Alves da Cunha e Bertha Bivar foram mais uma atração bem-sucedida do Theatro Sete de Abril, em dezembro de 1924. A dupla de artistas apresentou a peça Kean, de Alexandre Dumas. Cunha foi quem interpretou o personagem principal, Edmund Kean.
A companhia ainda tinha os atores Carlos Santos, Mário Pedro e Lino Ribeiro. O grupo despediu-se de Pelotas com as peças Cobardias e Paz doméstica e rumou para a cidade de Santos, no litoral paulista.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense