Passeio pelo São Gonçalo acaba tragicamente para dois jovens
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira11 de Dezembro de 2024

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Passeio pelo São Gonçalo acaba tragicamente para dois jovens

Por

Atualizado sexta-feira,
06 de Dezembro de 2024 às 11:53

Há 100 anos

A comunidade pelotense lamentou a trágica morte de dois jovens conhecidos pelo trabalho no comércio local. Eram eles os portugueses Benjamin Rebello, 25, proprietário da loja A Iberia, que ficava na rua Sete de Setembro, entre 15 de Novembro e Andrade Neves, e Albino Gonçalves dos Santos, 23, segundo gerente da Confeitaria Abelha.

As mortes ocorreram durante um passeio pelo canal São Gonçalo, por volta das 16h, próximo ao Club de Natação e Regatas Pelotenses. Os jovens estavam acompanhados por mais dois homens, quando pediram ajuda ao rebocador São Lourenço, que passava conduzindo duas chatas. 

Ao impulsionar a canoa para a aproximação, a pequena embarcação ficou entre as chatas e  foi comprimida por elas. O barco foi esmagado e os quatro tragados pela água. Salvaram-se o canoeiro Virgilio Silveira e o tripulante João Pinto Rebello, salvos pelos tripulantes do rebocador.  Os corpos foram encontrados no dia seguinte, boiando próximo à charqueada Valladares. 

Para saber

  • O Club Natação e Regatas Pelotense foi fundado em 28 de novembro de 1914, com sede na rua Uruguai, 1. Entre os fundadores estão o francês Augusto Durand. Entre os sócios remidos estavam o industrial Afonso Ritter, o médico Cipriano Corrêa Barcellos, Edmundo Berchon, Fernando Luiz Osorio. 
  • A charqueada Valladares era de propriedade de Manuel José Rodrigues Valladares e ocupava uma fração das terras do saladeiro de seu sogro José Gonçalves da Silveira Calheca. O prédio sede da charqueada de Calheca se situava onde atualmente está o edifício principal da EMEF Ferreira Vianna, de acordo com pesquisa do arquiteto Guilherme Pinto de Almeida, divulgada no projeto Porto Memória Pelotas, da associação Otroporto.

Fontes: A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; revista Illustração Pelotense; Porto Memória Pelotas/Otroporto (@otroporto), com pesquisa de Guilherme Pinto de Almeida. 

Há 50 anos

Estudante do Chove Não Molha representa Pelotas no Miss Mulata

A jovem Loreana Furtado Pereira, 16, estudante do Colégio Diocesano, era a candidata do Clube Cultural Chove Não Molha, representando Pelotas, na escolha da Miss Mulata Rio Grande do Sul, que teve representantes de Porto Alegre, Canoas, Rio Grande,Santa Cruz do Sul . O evento ocorreu na noite de 7 de dezembro de 1974, promovido pelo Chove.

As candidatas passaram por entrevista com jurados, em Pelotas, um desfile em carro aberto pela cidade e um coquetel e desfile no Ginásio João Carlos Gastal, do Colégio Pelotense, onde aconteceu o concurso. A vencedora foi a candidata Maria Anita Oliveira, 16, da Sociedade Rui Barbosa de Canoas. Zilda Ribeiro Ferraz, do clube rio-grandino Estrela do Oriente foi eleita a Miss Simpatia.

História do concurso

Em artigo intitulado O sonho de ser Miss Mulata na representação de uma beleza e raça (1969-1999), a pesquisadora Beatriz Floôr Quadrado, descreve que o concurso surgiu em 1969 em Arroio Grande, por iniciativa de Antônio  Carlos  da  Conceição  e era voltado à mulher negra. O idealizador se inspirou em um certame semelhante, o Miss Mulata Blumenau, em Santa Catarina. A realização ocorreu até 1999, entre as misses eleitas figura o nome de Deise Nunes, porto-alegrense, a primeira mulher negra a conquistar o título de Miss Brasil, em 1986.

Beatriz Quadrado ressalta em seu artigo que o concurso se constituiu em um artifício na busca por uma estratégia que beneficiasse a mulher negra, com foco na valorização dos símbolos negros, em um país em que não se podia falar abertamente ou denunciar o racismo sem o medo de algum tipo de repúdio. 

Reflexão

“Sabe-se  das  críticas  que  sobre  concursos  de  beleza,  comparando mulheres  à  mercadoria,  futilidades,  além  de  estabelecer  padrões  estéticos exclusivos.  Isto,  aqui,  não  é  negado.  Mas  se  deve  levar  em  conta  a representatividade de concursos negros para mulheres negras em questão. Pode-se notar que para o grupo que aderiu a tal concursos, uma relação de auto-estima, representatividade e valorização da beleza negra por parte do grupo. E que apesar da terminologia utilizada, não se pode afirmar formas de branqueamento, tendo em vista, as referências à identificação negra, seja por pertencimento de linguagem, como no aspecto visual”, comenta a pesquisadora no artigo. 

Fonte: Fontes: A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; artigo O sonho de ser Miss Mulata na representação de uma beleza e raça (1969-1999), de Beatriz Floôr Quadrado, publicado na revista do Núcleo de Documentação Histórica da UFPel, História em Revista (dezembro 2015/16)

Acompanhe
nossas
redes sociais