“Que as pessoas possam fazer as pazes com as contradições das próprias histórias”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira4 de Dezembro de 2024

Abre aspas

“Que as pessoas possam fazer as pazes com as contradições das próprias histórias”

Pelotense Camila Anllelini é psicanalista e autora de obra que concorre a prêmios

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“Que as pessoas possam fazer as pazes com as contradições das próprias histórias”
Radicada no RJ, ela escreveu De Amor e Outros Ódios. (Foto: Divulgação)

Aos 35 anos, a autora da obra semifinalista do Prêmio Jabuti e finalista do Prêmio Minuano, intitulada De Amor e Outros Ódios, a pelotense Camila Anllelini é psicanalista, atualmente radicada no Rio de Janeiro. Sua obra é uma coletânea de crônicas e cartas poéticas que exploram a complexa relação entre mãe e filha, inspirada em suas próprias vivências, mas enriquecida pela imaginação da autora. Camila é mestre em Mediação de Conflitos pela Universidad Europea del Atlántico e pós-graduanda em Psicanálise, Arte e Literatura pelo Instituto Espe. A cerimônia de entrega do Minuano acontece nesta quinta-feira (5), no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. E no sábado, a autora vem a Pelotas para um Café com a Autora, com Paula Blaas. O encontro será na Cafeteria do Engenho, às 10h, e contará com rodada de autógrafos.

Como a sua experiência como psicanalista influenciou a escrita de De Amor e Outros Ódios?

Um psicanalista é um sujeito que atravessa, sobretudo, o seu processo de análise, além do estudo da teoria. Falar da relação com a mãe é falar do imbróglio de todos nós, do que nos inaugura na vida, da maneira que fazemos contornos frente ao desamparo. O modo como cada um de nós é marcado pela presença ou ausência da mãe é um tema recorrente na clínica.

Quais foram os desafios que você enfrentou ao escrever sobre a relação entre mãe e filha?

O desafio desse trabalho foi escrever de maneira a dessacralizar o lugar social imputado à mãe, falar das devastações e ambivalências que comportam essas histórias e, ao mesmo passo, ter o zelo necessário para conferir ao amor a dignidade que ele deve ter.

Você menciona que o livro não é autobiográfico, mas inspirado em vivências. Como essas experiências pessoais moldaram a narrativa?

O livro não tem caráter documental, como se pretende uma biografia. Parte de memórias e as memórias por si só guardam um aspecto ficcional. Esse é um livro literário.

Como foi a reação da sua mãe ao ler o livro, considerando que ele aborda aspectos da relação de vocês?

De esperadas inquietações, mas sobretudo de admiração. Nunca será simples se ver pelos olhos do outro.

Quais são as principais mensagens que você espera que os leitores tirem da obra?

A minha intenção, se é que se pode ter tamanha pretensão ao botar algo no mundo, é que as pessoas possam fazer as pazes com as contradições das próprias histórias. Cada leitor ou leitora que me procura para dizer que encontrou nas páginas desse livro algo da sua singularidade me faz acreditar um pouco mais nesse trabalho.

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