A situação enfrentada na BR-392 em Canguçu traz um sinal de alerta para toda a região. Muito se fala na importância da BR-116 e sua duplicação para o escoamento de cargas e fortalecimento regional, mas a 392 é tão importante quanto e, até o momento, vem se destacando pelos acidentes nos trechos cheios de curvas. Uma solução imediata precisa ser pensada, sob pena de mais vidas serem perdidas. No espaço de 30 quilômetros, quatro morreram e seis ficaram gravemente feridos só neste ano. É muita coisa e não dá para aceitar.
Imperícia e inexperiência são apontados pelos especialistas como os causadores da situação. Curiosamente, são termos nos mesmos tons usados nos processos que envolvem o acidente do Remar para o Futuro. Há pouco mais de um mês toda a região chorava uma tragédia coletiva no trânsito e, aqui na porta de casa, parecemos estar só aguardando para o próximo horror, que vai certamente gerar mobilização e indignação. Dentro do cenário atual, não é se acontecer: é quando acontecer. A tragédia está desenhada.
No entanto, bastam movimentos estruturados e bem pensados para evitar isso. Parte da Ecosul, dos governos, da Polícia Rodoviária Federal e, principalmente, dos motoristas. Embora o argumento de que o local seja bem sinalizado e tenha guardrails seja extremamente válido, é visível que não está sendo suficiente. Os especialistas, pagos pela comunidade para pensar nisso e apresentar soluções, devem mobilizar-se para isso. Se o problema é exclusivamente comportamental, que seja feita uma repressão nessas atitudes. Coloque-se mais radares, policiais em cada trecho e atividades de conscientização em pontos de parada.
O que não pode é vermos tragédias acontecendo aos montes, maximizando-se e nada sendo feito. O objetivo deste editorial é um só: invalidar a previsão feita dois parágrafos acima. Tomara que estejamos errados e que nunca isso aconteça. Mas lembre-se: está desenhado para acontecer.