Entidades empresariais apontam impacto da defasagem do teto do Simples Nacional

Economia

Entidades empresariais apontam impacto da defasagem do teto do Simples Nacional

Limite de faturamento está congelado há seis anos em R$ 4,8 milhões anuais

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Entidades empresariais apontam impacto da defasagem do teto do Simples Nacional
Mais de 1,7 mil empresas estão enquadradas neste formato apenas em Pelotas. (Foto: Jô Folha)

No decorrer da discussão sobre a reforma tributária, entidades de representação empresarial levantam a demanda pelo reajuste do limite de faturamento no Simples Nacional. Atualmente o teto para Empresas de Pequeno Porte (EPP) é de até R$ 4,8 milhões anuais, valor que estaria defasado e impediria o crescimento dos empreendimentos sem a obrigação de mudança para faixas de arrecadações mais complexas.

Em Pelotas, são mais de 1,7 mil empresas enquadradas como pequeno porte e que poderiam usufruir do regime simplificado de tributação do Simples Nacional. No município, a reivindicação pelo aumento do teto de lucro é liderada por entidades como a Aliança Pelotas e a Associação Comercial (ACP).

“Esse limite do Simples Nacional não está previsto na reforma tributária, mas os setores empresariais querem esse aumento”, explica o presidente da ACP, Fabrício Cagol. Mesmo assim, as confederações empresariais têm levantado a demanda para a comissão na Câmara dos Deputados que analisa o texto da reforma tributária.

A última alteração no limite de faturamento foi em 2018. Diante disso, as representações empresariais argumentam que nos últimos seis anos, além da inflação acumulada, também houve acontecimentos que impactaram profundamente a economia, como a pandemia. Fatores que incidem nos custos e na arrecadação dos negócios. “Ano a ano os custos aumentam e as despesas trabalhistas, todo o custo operacional de uma empresa”, diz Cagol.

A mobilização é pelo reajuste do teto do Simples Nacional para faixas entre R$ 5,5 milhões e R$ 6 milhões, assim como anualmente conforme o índice de inflação. “Mais de 80% das empresas no país estão sob o regime do Simples. Se esse valor permanecer, várias acabam ultrapassando o limite de faturamento e são obrigadas a migrar para o lucro presumido ou real”.

Impacto nas pequenas empresas

De acordo com Cagol, ao ingressarem em regimes de recolhimento tributário mais complexos, as empresas têm mais custos operacionais com organização administrativa e financeira perante os desafios do sistema. Outra consequência seria a maior probabilidade de sonegação fiscal.

“Quando a empresa chega próximo do limite começa uma seleção daquilo que vai ser faturado e o que vai tentar vender sem ou com meia nota”, exemplifica. Outra manobra seria a criação de vários CNPJs para diferentes atividades da empresa.

Já o presidente da Aliança Pelotas, Jorge Almeida, diz que a restrição de faturamento dificultaria o crescimento dos empreendimentos e que parte das empresas que têm que migrar para o lucro real ou presumido acabam fechando as portas. “Porque elas não têm uma estrutura para fazer a apuração dos impostos, é muito complexo. Por isso lutamos para as empresas permanecerem no Simples”.

Desaceleração do empreendedorismo

Para Clauber Santos, professor de direito tributário da UFPel, o aumento do teto de faturamento não deve ocorrer tão cedo quanto reivindica o empresariado. “O governo federal está tentando fechar o cerco por causa da pejotização”.

Ele explica que a postergação do reajuste seria uma maneira de fazer com que as empresas ultrapassem os R$ 4,8 milhões e ingressem no regime comum de tributação. “E, portanto, a pagar mais impostos”. Bem como desestimular o ingresso de novos empreendimentos no Simples Nacional.

De acordo com o professor, as medidas governamentais terão como consequência a desaceleração do empreendedorismo diante da perda da facilitação fiscal. “Quer estimular o empreendedorismo, mas quando a pessoa assume o risco de empreender ela acaba sofrendo esse entorse fiscal que o governo está tentando aplicar”.

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