Vereadores contrariam presidente e querem votar 13º para servidores
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira22 de Novembro de 2024

Opinião

Douglas Dutra

Douglas Dutra

Jornalista

Repórter e colunista de política do A Hora do Sul

Vereadores contrariam presidente e querem votar 13º para servidores

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Atualizado sexta-feira,
22 de Novembro de 2024 às 10:50

Os vereadores de Pelotas manifestaram nesta quinta-feira (21) sua insatisfação com o presidente da Câmara, Anderson Garcia (PSD), que na terça-feira ameaçou não colocar em pauta projeto da Prefeitura que autoriza o empréstimo para que os servidores possam receber o 13º salário em dia. Garcia afirmou que não iria pautar projetos enviados pelo poder Executivo, entre eles o que autoriza a contratação emergencial de motoristas para ambulâncias do Samu.

A decisão de Garcia incomodou o resto dos vereadores. Os parlamentares avaliam que a postura do presidente prejudica a imagem de todos e que a demora em votar o projeto poderá levar os servidores à humilhação de passar o natal sem o 13º ou na fila do banco para conseguir o empréstimo. 

Em reunião a portas fechadas na manhã de quinta-feira (21), da qual participaram 16 dos 21 vereadores, o gesto foi classificado como chantagem. “A casa não pode arcar com este custo político”, disse um vereador. Garcia não estava na Câmara, e Paulo Coitinho (Cidadania), que estava presidindo a sessão, tentou entrar em contato com ele por telefone diversas vezes para comunicá-lo da vontade dos vereadores, mas não teve resposta.

Apesar de a maioria dos vereadores na reunião defenderem que o presidente em exercício ignorasse a decisão de Garcia e colocasse o projeto em votação na quinta, Coitinho e o líder do governo, Marcos Ferreira (UB), decidiram adotar o caminho diplomático e reunir-se com Garcia e com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) na próxima terça-feira (26) para buscar um consenso. A ideia é que, independentemente do resultados da reunião, o projeto seja votado ainda no mesmo dia, por pressão dos vereadores.

A queda de braço entre o presidente da Câmara e a prefeitura começou após Garcia solicitar que o governo repassasse mais recursos ao Legislativo em razão do aumento da arrecadação do município. A Câmara vive uma situação financeira delicada, e corre o risco de não ter caixa para pagar o 13º dos servidores e dos próprios vereadores, além de rescisões e contratos com prestadores de serviços.

Na reunião com a prefeita prevista para terça-feira, o objetivo é sensibilizá-la para que repasse recursos para que o Legislativo tenha condições de arcar com os próprios compromissos no final do ano, em especial o 13º e a rescisão dos assessores.

Pela primeira vez na história recente, a Câmara de Pelotas poderá encerrar o ano sem devolver a sobra do orçamento para a Prefeitura. Do orçamento de R$ 37,3 milhões que a Câmara tem em 2024, já foram gastos R$ 31,3 milhões e restam R$ 5,9 milhões em caixa, o que já é considerado insuficiente.

Mobilização

A pressão da maioria dos vereadores sobre Anderson Garcia será reforçada pela mobilização dos servidores. O presidente do Sindicato dos Municipários (Simp), Tiago Botelho, divulgou vídeo nas redes sociais convidando a categoria a comparecer à sessão da próxima terça para cobrar a votação do projeto. 

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